sábado, 17 de julho de 2010

A Enérgica Defesa De...Um Chavão!

Artigo de Henrique Monteiro
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Um fantasma assola, agora, o primeiro-ministro. Chama-se neoliberalismo e significa que... o que significa não interessa, o que importa é que é uma causa de esquerda e, portanto, vale a pena falar dela até à exaustão
Sócrates encontrou o seu novo inimigo de estimação. O seu nome é neoliberalismo. Eu não sei bem o que ele quer dizer com isso, quando acusa a Europa e o PSD de professarem essa ideologia, mas sei que lhe fica bem. A cada passo, ouço amigos dizer que a culpa da crise é do neoliberalismo. Porquê? Não sabem. Apenas associam a falta de vergonha e de ética nos negócios àquilo que se poderia chamar ideologia neoliberal. Quando argumento que há falta de ética e de vergonha em negócios que não são comandados por nenhum neoliberal, mas por pessoas como Chávez ou o poder angolano ou o chinês; ou mesmo por boys do PS cá do burgo, acham que não compreendo inteiramente toda a perfídia e amoralidade que enferma o dito fantasma neoliberal.
Pois bem. Eu não sei se sou neoliberal, mas sou contra algumas das ideias que Sócrates tem vindo a propor. Por exemplo, a privatização da REN (Rede Elétrica Nacional). Não me parece bem que se entregue às mãos privadas algo que deve estar nas mãos da comunidade, ou seja, do Estado. Não sei se é neoliberal defender isto. Não sei como se classifica quem defende que a REN seja privada. E quem diz a REN, diz as Águas de Portugal, ou os CTT ou a ANA, que o Governo também quer privatizar.
Salvo o devido respeito, neoliberais serão essas privatizações. E pior do que neoliberais, elas serão promíscuas. Tal como a PT foi parar às mãos de privados que, pelos vistos, se estavam nas tintas para o chamado interesse nacional ou interesse geral (razão pela qual, num ato antineoliberal, o Governo usou a golden share, também estou em crer que as REN, ANA, Águas, etc. ficarão com uma supervisão estatal que continuará nesse paraíso onde Sócrates tão bem se movimentou e que se chama promiscuidade entre negócios e Estado, entre negócios e política - enfim, entre negócios e poder.
Ser contra essa promiscuidade é ser neoliberal? Sou neoliberal! Ser neoliberal é estar com o Governo a defender essas privatizações? Sou contra o neoliberalismo.
Entendamo-nos. Em vez de fazer a defesa enérgica de chavões, podemos descer ao concreto e falar claramente? Podemos? Podemos falar de coisas reais como esta: a PT devia ser do Estado? A CGD devia lá ter a maioria? A PT, sendo privada, deve estar dependente do que quer o Governo? Juro que não tenho respostas mágicas para nada disto. Mas sei uma coisa muito simples, uma coisa que não se compadece com ideologias: havia uma promiscuidade inaceitável, imoral e vergonhosa entre alguns grupos e o poder.
Se acabar, melhor para todos!

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