sábado, 26 de julho de 2014

O Poema "Quadrilha" E Salgado

Artigo de Henrique Monteiro

Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro genial, tem um poema fabuloso intitulado " Quadrilha". Sem querer fazer concorrência desleal a Nicolau Santos, aqui o deixo publicado para que possamos glosá-lo.
"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história".
Ricardo Salgado tem como grande amigo Proença de Carvalho, que é advogado de Sócrates que tinha como ministro Manuel Pinho que era da administração do BES, como Salgado. Ou Ricardo Salgado tinha como quadro destacado Rita Cabral, mulher de Marcelo Rebelo de Sousa, Conselheiro de Estado nomeado por Cavaco Silva que é amigo de Eduardo Catroga, chairman da EDP, empresa comprada pelos chineses que tem como CEO António Mexia, o qual é amigo de Salgado e começou a sua carreira no grupo, na ESSI.
Ou, ainda, Salgado tinha como sócio, em Angola, Álvaro Sobrinho, que é irmão de Sílvio Madaleno, que é o patrão dos jornais "Sol" e "I" e em tempos quis comprar a RTP. Parece que estes zangaram-se. Mas a amizade perdura, ao que se sabe, com Nuno Vasconcellos e Rafael Mora, principais chefes da Ongoing que detém empresas em Portugal e no Brasil, além de se dedicarem à caça de talentos e á sua colocação em várias empresas e serem donos do "Diário Económico" e do Económico TV. Acima de tudo, têm quase 10% da PT, sendo que Salgado tinha quase outro tanto e, por essa via, eram todos amigos de Granadeiro e de Zeinal Bava, que mandam na PT, emprestam dinheiro a Salgado e fizeram uma frente para impedir que Belmiro comprasse a telefónica que, na altura, era nacional e tinha uma Golden Share do Estado, com quem Salgado se aliou. 
Esperando que ninguém morra de desastre nem se suicide, sabendo que tias existem suficientes na história, resta saber quem pode ser o tal J. Pinto Fernandes.
As hipóteses são escassas.
Drummond decidiu batizar o seu poema com o nome "Quadrilha", uma dança e contradança em que todos os participantes se cruzam e entrecruzam. Em Portugal também é assim...e não só em casos amorosos, também nos negócios.

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