Entre os muitos apelos, uns patéticos outros não, que por aí se ouvem, raro é dar com alguém que quer uma coisa tão simples como esta: que o Estado deixe de sufocar os cidadãos através de impostos. Eu percebo porquê. Num país onde tanta gente vive encostada ao que o Estado dá, não convém a muita gente que o Estado deixe de sacar... aos outros.
Mas vamos direitos ao ponto: o Estado tem sido mais fiável do que as empresas e os cidadão? Até onde pode ir a comparação, não tem. Vejamos o caso da dívida, comparando os números de dezembro de 2008 com os de março de 2013. Os valores são em percentagem do PIB, segundo dados do BdP e do INE:
Dívida do Estado - passou de 71,7 para 127,3%
Dívida das micro empresas - de 45,3 para 45,2%
Dívida das pequenas empresas - de 31 para 28,5%
Dívida das médias empresas - de 28,7 para 29,8%
Dívida das grandes empresas - de 39,7 para 52,1
Dívida total do conjunto das empresas privadas - de 171,5 para 186,8%
Dívida das famílias - de 100,8 para 100,4%
Quer isto dizer que as famílias, apesar do aumento brutal da carga fiscal, do aumento do desemprego e de tudo o que se passou, fizeram o seu ajustamento. Não aumentaram a dívida (curiosamente aumentaram a poupança). Nas empresas há uma diferença entre as grandes e as pequenas, sendo que estas também não aumentaram a dívida, ao contrário das grandes, onde existem por vezes investimentos avultados que geram também lucros avultados e algum emprego.
Mas no Estado esse aumento foi de - pasme-se! - 56 pontos. Ou seja, é o Estado que não consegue ajustar-se e persiste no caminho de mais e mais dívida. Bem sei que tem de pagar mais subsídios de desemprego e mais prestações sociais, mas o número não deixa de ser impressionante, sobretudo se tivermos em conta que muita dívida contraída hoje se destina a pagar juros de dívida já realizada.
E aqui fica a prova como a única política de desenvolvimento e de fomento que o Estado pode e deve ter é baixar os impostos, além de rebentar com essa maldita burocracia onde gasta e nos faz gastar dinheiro. E beneficiar fiscalmente quem crie emprego, para combater a pornográfica taxa de desemprego com que vivemos.
Ao contrário da cacofonia que por aí se ouve, a melhor política do Estado é não atrapalhar. Gostava que alguém, na política, o dissesse claramente, mas, infelizmente, preferem discutir teoria geral.
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