Artigo de Ferreira Fernandes
Há nove anos, ele partiu como um corpo expedicionário para a Flandres.
Movia-o a Pátria, que não interesses egoístas. Agora, lá está Durão Barroso,
entrincheirado em Bruxelas, sujeito às balas francesas. Primeiro, foi o
editorial-morteiro do jornal Le Monde, chamando-lhe cata-vento e oferecido aos
americanos para mais um posto na ONU ou OTAN... No domingo, foi o ministro
francês Arnaud Montebourg a metralhar: "Barroso é o carburante da FN [o partido
de extrema-direita de Marine Le Pen]." Ele deveria ter respondido "carburante,
octanas!", mas com as balas que lhe atiram Durão Barroso constrói o seu
pedestal. O português que mais alto subiu nas instâncias internacionais (pelo
menos desde o mordomo luso de Jackie Kennedy) continuou de peito feito aos
tiros. Alain Juppé, ex-ministro de Sarkozy, ontem: "Barroso é totalmente
anacrónico." E Marine Le Pen, aquela que o outro dizia que Durão Barroso
protegia, também molhou a sopa: "José Manuel Barroso é uma catástrofe para o
nosso país e para o nosso continente." E dizer que há cem anos o corpo
expedicionário português foi defender a França dos boches! A ingratidão deve ser
a tal "especificidade cultural francesa"... Não deveríamos nós resgatar Durão? É
melhor, não. Isso é uma especificidade cultural americana, salvar o soldado Ryan
é para o Spielberg e o Tom Hanks. Talvez façam do nosso homem mesmo
secretário-geral da ONU. E nós, afinal, que tínhamos cá para lhe oferecer?
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