sábado, 1 de maio de 2010

Á Grande E Á Francesa

Artigo de Fernando Madrinha
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A deputada Inês de Medeiros incomoda-se com aquilo a que chama "campanha de enxovalhos". Não foi para isto que aceitou concorrer pelo PS, que concedeu sentar-se na bancada e que se dignou assistir às inquirições da Comissão de Ética sobre a liberdade de expressão - os seus mais notórios contributos parlamentares até agora.
É natural que lhe repugne discutir ninharias, como a de saber se o Parlamento deve ou não pagar-lhe viagens semanais a Paris em executiva. Mas pode ficar tranquila. O problema resolveu-se a contento, a partir de um competente parecer jurídico, com o voto favorável do PS e a abstenção de dois partidos em geral muito exigentes e moralistas em casos desta natureza: o CDS e o PCP. Este só a posteriori informou que teria votado como Pilatos, pois nem esteve presente na reunião.
Que um Parlamento aceite ter uma deputada por Lisboa a residir em Paris já é coisa bizarra. Que, uma vez confrontado com a situação de facto, se disponha a subsidiar-lhe viagens semanais em executiva é grosso despautério. Que o PS considere este procedimento "razoável", como disse Francisco Assis, em vez de assumir as despesas da sua deputada parisiense, esse é o mais confrangedor dos sinais. Ou apenas mais uma prova de que, num país pelintra, a política continua a viver à grande e à francesa. Depois não se queixem de enxovalhos.

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