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Quem preste atenção ao discurso do primeiro-ministro regista três ideias-chave:
1. O mundo mudou nas últimas três semanas;
2. Não se pode gerir um país com base no medo;
3. As exportações e o investimento público vão salvar o país.
A combinação destas três ideias revelam que José Sócrates não quer perceber o que está a acontecer. E, mais grave, o que pode acontecer ao país (e, já agora, a ele e o PS).
Não é verdade que o mundo tenha mudado nas últimas semanas. O mundo mudou em 2008. Para citar a célebre frase de Warren Buffet, "quando vem a maré baixa é que se vê quem está a nadar nu". Em 2008, a maré baixou e o sistema financeiro mostrou a sua fragilidade, fruto de uma alavancagem sem precedentes. O sistema foi salvo por Estados, sendo que muitos desses Estados cometiam o mesmo erro de alavancagem, disfarçado pelo airbag da zona euro. Só não percebeu o que aí vinha quem não quis.
Cito apenas três frases do discurso do Presidente da República do dia 1 de Janeiro:
a) "A dívida do Estado aproxima-se de um nível perigoso".
b) "O endividamento do país ao estrangeiro já atinge níveis preocupantes"; "
c) "Com este aumento da dívida externa e do desemprego (...) podemos caminhar para uma situação explosiva".
Quando Cavaco fez este discurso, o Governo e a oposição brincavam às eleições antecipadas... Não foi o mundo que mudou entretanto. Foi Bruxelas que decidiu tomar conta de nós e aumentar os impostos, porque sabe que Portugal só consolida as contas públicas por essa via.
É por isto que a ideia de não se poder gerir o país com base no medo é perigosa. É verdade que o medo não é bom conselheiro. Mas é fundamental que os portugueses percebam que Bruxelas ainda pode mandar baixar os salários. E que isso só se evita se o Estado fizer uma reforma profunda ou se a nossa economia crescer. A reforma do Estado depende de nós, o crescimento económico e a diminuição do défice externo dependem de imensos factores que não controlamos.
Neste cenário, o discurso do Governo sobre o investimento público e o fisco é confuso, contraditório e até irresponsável. O ministro António Mendonça esgotou a sua credibilidade num fósforo. Vieira da Silva continua a parecer um falso ministro da Economia. Teixeira dos Santos é competente e vai fazer o trabalho duro mas está a dar cabo do seu prestígio académico. Sócrates, optimista e resiliente, agarra-se à receita do passado e olha o mundo: e pur si muove.
1. O mundo mudou nas últimas três semanas;
2. Não se pode gerir um país com base no medo;
3. As exportações e o investimento público vão salvar o país.
A combinação destas três ideias revelam que José Sócrates não quer perceber o que está a acontecer. E, mais grave, o que pode acontecer ao país (e, já agora, a ele e o PS).
Não é verdade que o mundo tenha mudado nas últimas semanas. O mundo mudou em 2008. Para citar a célebre frase de Warren Buffet, "quando vem a maré baixa é que se vê quem está a nadar nu". Em 2008, a maré baixou e o sistema financeiro mostrou a sua fragilidade, fruto de uma alavancagem sem precedentes. O sistema foi salvo por Estados, sendo que muitos desses Estados cometiam o mesmo erro de alavancagem, disfarçado pelo airbag da zona euro. Só não percebeu o que aí vinha quem não quis.
Cito apenas três frases do discurso do Presidente da República do dia 1 de Janeiro:
a) "A dívida do Estado aproxima-se de um nível perigoso".
b) "O endividamento do país ao estrangeiro já atinge níveis preocupantes"; "
c) "Com este aumento da dívida externa e do desemprego (...) podemos caminhar para uma situação explosiva".
Quando Cavaco fez este discurso, o Governo e a oposição brincavam às eleições antecipadas... Não foi o mundo que mudou entretanto. Foi Bruxelas que decidiu tomar conta de nós e aumentar os impostos, porque sabe que Portugal só consolida as contas públicas por essa via.
É por isto que a ideia de não se poder gerir o país com base no medo é perigosa. É verdade que o medo não é bom conselheiro. Mas é fundamental que os portugueses percebam que Bruxelas ainda pode mandar baixar os salários. E que isso só se evita se o Estado fizer uma reforma profunda ou se a nossa economia crescer. A reforma do Estado depende de nós, o crescimento económico e a diminuição do défice externo dependem de imensos factores que não controlamos.
Neste cenário, o discurso do Governo sobre o investimento público e o fisco é confuso, contraditório e até irresponsável. O ministro António Mendonça esgotou a sua credibilidade num fósforo. Vieira da Silva continua a parecer um falso ministro da Economia. Teixeira dos Santos é competente e vai fazer o trabalho duro mas está a dar cabo do seu prestígio académico. Sócrates, optimista e resiliente, agarra-se à receita do passado e olha o mundo: e pur si muove.
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