Artigo de José Pacheco Pereira
Pensei que a justiça, em particular os
meritíssimos juízes, a última coisa do mundo que aceita de bom grado é ser
gozada. Mas pelos vistos não é caso. Não só aceita como transfere a gozação pela
cadeia da justiça abaixo, não só deixando-se humilhar, como favorecendo a
humilhação de outro
Gozar com a justiça é o que o chamado
“empresário” Manuel Leitão entendeu fazer quando para explicar o “Rio FDP”, que
fez com Photoshop numa falsa fotografia de uma fachada do Porto para insultar
Rui Rio chamando-lhe “filho da puta”, veio, quando chamado a responder em
Tribunal, explicar que se tratava de “fanático dos popós” que também dá
FDP.
O juiz(a), como toda a gente, tinha já lido nos jornais que o Leitão, que
disse ao Público “que as provocações não fazem parte do seu código de
conduta”, já dera sucessivas versões para o FDP: "Que eu saiba, "Rio" é
um substantivo próprio que significa um curso de água e o resto são três
iniciais, um verbo e um artigo", E mais tarde que significava “filho de
Deus” e que «Cada um pode lá ler o que quiser. Eu acho mais piada ler o
«fdp» como focinho de porco» E agora veio com o “fanático dos popós”.
Ou seja está a gozar connosco e com o juiz(a).Mas o mais absurdo é que Rui Rio foi chamado a
prestar declarações por ordem do juiz(a) sobre se era “fanático dos
popós” e, como é normal e saudável, saiu furioso:
“O presidente da segunda maior câmara do
país vir aqui responder em tribunal se lhe chamam fanático dos popós, em Agosto,
quando os tribunais estão fechados e só coisas urgentes é que são tratadas,
revela o quadro em que a justiça e o regime político em que vivemos
estão”
A conclusão do juiz(a) foi a óbvia: “a
leitura mais comum será a de que a sigla expressa o significado filho da puta e
não a alusão a uma qualquer paixão ou hobby do presidente da Câmara do
Porto”. Mas para chegar aqui não precisava de alimentar o insulto do Leitão,
quer aos tribunais, quer a si própria, quer a Rio. Humilhar as vítimas e
permitir que os tribunais funcionem como câmara de eco de insultos não é
certamente justiça.
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