É oficial, caminhamos para a pobreza. Ontem, o presidente da Unilever, Jan
Zijderveld, declarou ao Financial Times (versão alemã, para ser ainda mais
credível) que a "pobreza vai voltar à Europa." Zijderveld anunciou o que nos vai
calhar: "Na Indonésia vendemos amostras individuais de champô por dois ou três
cêntimos e ainda ganhamos dinheiro"... O futuro próximo é esse, ir à loja
comprar raspas de sabonete Lux, três pingos de Azeite Gallo e uma colherzinha de
Maizena, isto para ficar por exemplos de marcas da Unilever. Na Grande
Depressão, fins de anos 20, as donas de casa alemãs iam ao mercado com cabazes
de marcos, eram tempos de inflação galopante. A nossa crise é de outro tipo,
mais maneirinha: iremos ao mercado com um dedal, para trazer as compras. E
porque confio no profeta Zijderveld? Já o disse, é da Unilever, empresa com uma
filosofia dialética: os opostos chocando-se fazem avançar. A Unilever nasceu na
crise, em 1929, da fusão da holandesa Margarine Unie, empresa de margarinas (que
causava nódoas), e da inglesa Lever, de sabonetes (que lavava nódoas) - foi um
sucesso, é hoje a terceira potência mundial na venda de bens de consumo. O
segredo da Unilever foi apostar sempre nos contrários: por exemplo, em abril de
2000, quando comprou os gelados Ben & Jerry's, compensou-os com a compra da
Slim Fast, empresa de produtos de emagrecimento. Hoje, compensa o tamanhão da
nossa crise com pacotes mais pequenos.
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