quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A (Nova) Velha Estratégia De Alegre

Artigo de Nuno Gouveia
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Manuel Alegre fez uma campanha errática. Ora deambulando entre as ideias do Bloco de Esquerda e do PS, houve uma ideia sempre presente na sua campanha: uma vitória de Cavaco Silva colocava o regime democrático em risco. Por vezes acusando o adversário de ser um representante de forças anti-democráticas, outras a acenar com o papão do fim da democracia e da liberdade, ou, como ontem, comparando uma possível vitória de Cavaco Silva com fraudes eleitorais do Estado Novo.
Estas comparações com o fascismo foram uma constante de todas as campanhas eleitorais de Cavaco Silva, desde 1985 até 2006. Portanto, esta estratégia não constituiu novidade para ninguém. Ou nós ou o fascismo, gritou Alegre diversas vezes. Mas Alegre, sendo alguém com dificuldades de olhar para o seu próprio umbigo e que não tem capacidade para fazer uma análise crítica ao seu próprio discurso, hoje teve uma expressão que resume a sua campanha: acusou Cavaco Silva de utilizar o medo como instrumento para convencer os portugueses. Imagine-se que Cavaco Silva tinha passado a campanha a dizer que este era um "combate de vida ou de morte" ou que a "democracia está em risco nestas eleições"? Em todas as campanhas eleitorais há declarações menos conseguidas e todos os candidatos as fazem. Mas basear uma campanha inteira numa estratégia deste género é diferente. Enquanto vai diabolizando o adversário e tentando ganhar votos devido ao "receio" e ao "medo" que tenta incutir nos eleitores, sem pudor nenhum, acusa o adversário de fazer o que ele próprio faz durante a campanha toda.

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