A Fernanda Câncio tem a mania de ler relatórios, e o do FMI sobre Portugal
leu-o até às assinaturas. Entre estas, ela desencantou o nome de Carlos
Mulas-Granados, espanhol, diretor da Fundación Ideas, dos socialistas espanhóis.
A Câncio tem o hábito de não guardar para si as perplexidades que encontra.
Aqui, no DN, na semana passada, ela seguiu a pista do estranho socialista
espanhol, à partida avesso ao aperta-aperta do relatório de que foi um dos
autores. Começou por se saber que no Carlos Mulas (é assim que é conhecido em
Espanha) havia uma coerência, digamos, endógena. Em se tratando do corpo
castelhano, o homem era pra-frentex, assessor de Zapatero e autor dos programas
eleitorais do PSOE. Mas quando emigrava dava-lhe - pelo menos no caso português,
deu - para a austeridade: corta!, era a sua ordem preferida. O seu slogan seria,
pois: "Austeridade num só país (o do lado)!" Foi esta criatura que Fernanda
Câncio escalpelizou, aqui. Ontem, o jornal El Mundo descobriu que a fundación
que o Mulas dirigia publicava textos pagos de uma tal "Amy Martin". Esta
escrevia que se desunhava (do cinema nigeriano à medição da felicidade) e
fazia-se cobrar bem (50 mil euros de crónicas em dois anos). Tudo bem, não fora
a Amy ser o Mulas, que já foi demitido. Se já com Espanha Carlos Mulas-Granado
era antiausteridade, consigo próprio era a favor de um regabofe. No fundo, o
costume: o cinto dos outros é que é de apertar.
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