Há anos, um político de capachinho quis ser candidato à presidência. Eu
avisei: era perigoso. Numa visita de Estado, o País ficaria em transe quando o
nosso Presidente de capachinho assomasse à escada do avião. Cai? Não cai?
Voa?... Hoje, volto às interdições: uma mulher-jornalista não deve poder
entrevistar sem decidir que na entrevista é mais jornalista do que mulher. Vejam
Judite Sousa, na semana passada. Estavam ambos sentados, ela e José Alberto de
Carvalho, à espera do convidado (é, os jornalistas, entrevistando, são sempre
eles quem convida), quando entrou Passos Coelho. José Alberto levantou-se para
cumprimentar, mas Judite continuou sentada (há foto). A etiqueta aplaudiria, as
senhoras nunca se levantam. Mas, lá está, Judite, ali, não devia ser a senhora
que recebia, mas a jornalista. Eu vi logo nos olhos de Passos Coelho que ele
ficou baralhado. Assim, quando Judite perguntou: "Poderemos ter de pagar pela
escola pública...?", o primeiro-ministro ainda estava bloqueado. Era a mulher ou
a jornalista que perguntava? Daí a resposta errada: sim, vai-se taxar o
secundário... Revi o vídeo, a resposta toda - entre "Nós temos..." e "assegurada
pelo Estado" - é clara (e taxativa, sim!). E lá tivemos uma semana de quiproquós
e desmentidos (ontem, mais um, vindo do Mindelo). Citando Brecht e Paula Bobone,
eu diria que a culpa não foi da asneira fluvial do primeiro-ministro, mas das
margens de boas maneiras que o comprimiram.
Adenda pessoal: Aos 52 anos, Judite de Sousa "envergonha" muitas "teenagers" com a mania que "são boas"...
Adenda pessoal: Aos 52 anos, Judite de Sousa "envergonha" muitas "teenagers" com a mania que "são boas"...
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