Vamos Ser Todos Como Mick Jagger (E Trabalhar Até Cair) ?

Post de Henrique Monteiro

 

Com 69 anos, Mick Jagger, o líder dos Rolling Stones, continua aos saltos em cima de um palco, a cantar (I can't get no) Satisfaction. Acompanham-no Ronnie Wood, de 65 anos, Keith Richards, de 68, e Charlie Watts, de 71. Como salienta Gillian Tett, num artigo no Financial Times, depois de os ver ao vivo em Nova Iorque, isto são boas notícias para os velhos, mas péssimas para as finanças públicas. Os velhos estão cada vez mais novos, os pensionistas vivem cada vez mais.

Quando Jagger nasceu, salienta Tett, a esperança de vida média na Europa e EUA era de 65 anos para os homens e de 69 para as mulheres. Hoje é de 76 e 81.

Basta ligarmos as televisões para ver o batalhão de pensionistas (falo dos com idade para o serem e não daqueles que o são mesmo sem idade, porque essa é outra conversa) no ativo: Mário Soares, Jacinto Nunes, Silva Lopes, Manuela Ferreira Leite, Jorge Sampaio, Francisco Balsemão, Eduardo Catroga... a lista pode continuar por várias páginas.

Por isso mesmo, decidiu-se - bem (no governo Sócrates) - indexar a idade de reforma à esperança de vida. Mas o problema não se soluciona de forma assim tão simples. Porque a esperança de vida média é isso mesmo - média. E os ricos vivem mais do que os pobres. Para os primeiros, a esperança de vida subiu sete anos nos últimos 30; mas para os segundos, apenas 1,3. Ou seja, a iniquidade pode agravar-se, levando os pobres a trabalhar até morrer e os ricos a gozar reformas descansadas.

De qualquer modo, preparem-se. Se aos 70 anos não têm de estar num palco aos saltos, ao som de Jumpin' Jack Flash, é quase certo que terão de trabalhar. Isto para os que têm mais de 40 anos. Os outros deverão levar o esforço até mais tarde. Se começam, como eu, a sentir dor nas costas e nas pernas, façam como os The Rolling Stones, finjam que ainda são novos...