O presidente da autoridade da concorrência reconheceu esta semana no parlamento que os paineis com a informação dos preços dos combustíveis nas autoestradas indicam quase sempre valores rigorosamente iguais. Todos já demos por isso. A diferença está em que Sebastião - e também os deputados que com ele contracenaram, todos muito divertidos e cordatos - olha para o caso com bonomia e uma infinita compreensão, enquanto os consumidores reagem com a legítima indignação de quem se sente gozado. Pelos paineis e pela Autoridade da Concorrência.
Os paineis só fazem sentido e terão utilidade se oferecerem informação útil que permita aos automobilistas escolher. Não havendo escolha, visto que os preços são iguais em todas as estações de serviço, de nada servem. É melhor retirá-los para quem circula nas autoestradas não seja permanentemente insultado.
Sebastião confia em absoluto nas explicações que lhe deram - e mal se perceberam no seu discurso em São Bento - para que os preços sejam quase sempre iguais até á milésima de euro. Confia de tal modo que, tal como sucede quanto á formação de preços dos combustíveis em geral, jamais lhe ocorreria que houvesse concertação também nas autoestradas, com ofensa, portanto, ás regras de concorrência que lhe compete defender.
Pelo contrário, os consumidores desconfiam há muito das gasolineiras por se darem conta de que o mercado funciona sempre a favor delas: os preços sobem num ápice quando aumenta o preço do petróleo, mas descem muito lentamente se ocorre o petróleo baixar. A Deco ainda há dias acrescentou novos motivos para essa desconfiança, ao acusá-las de venderem o mesmo gasóleo com nomes e preços diferentes. Houve um desmentido e tudo ficou como dantes. Sobre este assunto a Concorrência não se pronunciou. E sobre os painéis limitou-se a aconselhar os automobilistas a meterem gasolina antes de entrarem nas autoestradas.
Com Manuel Sebastião, esta Autoridade não tem autoridade nenhuma. Serve apenas para dizer ámen ás petroliferas, cobrindo todas as suas decisões. Se cuida da concorrência não é na perspectiva do consumidor. Pode fechar, que não se dará pela falta.
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