Gostemos ou não, aquilo que o FMI pensa do que se passa em Portugal e de como
chegámos a esta situação é-nos apresentado pelo chefe de missão da organização
na troika, Abebe Selassie. Quanto ao passado, numa palavra, falhámos todos: o
que caracteriza o caso específico português é o endividamento muito rápido, a
partir de 1999, de empresas e famílias, com a complacência de bancos e credores
internacionais. As entidades de supervisão não fizeram soar o alarme a tempo e,
enquanto isso se dava, a despesa pública expandia-se irresponsavelmente. No
plano financeiro, ninguém sai bem desta história.
Paralelamente, no plano económico, afirma Selassie, as empresas não souberam
acompanhar as mudanças na economia mundial: emergência da China, alargamento da
UE a leste, criação do euro. Resultado: neste milénio, Portugal vem perdendo
competitividade, isto é, com uma carga financeira crescente às costas, o músculo
económico, que a devia suportar, fraquejou pouco a pouco.
A mudança em todas estas frentes está agora a dar-se a ritmo fulminante. O
porta-voz do FMI sustenta que os sacrifícios que as famílias estão a fazer valem
a pena e que, daqui a uns seis meses, a economia vira no sentido de um novo
crescimento, em bases mais fortes, saudáveis e duradouras. Mas isso não depende
em larga medida de nós: se a UE não voltar a arrancar, por mais que haja
progressos na frente exportadora, a viragem da economia nacional permanece
longínqua
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