terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Terror Na Libia

Artigo de Nuno Gouveia
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O que se está a passar na Líbia ultrapassa em muito o que sucedeu na Tunísia e no Egipto. Khadafi, ao contrário de Ben Ali e Mubarak, demonstra, por ora, que irá fazer tudo para manter-se no poder, e a repressão tem feito sentir-se sobre os manifestantes. Ao contrário da Tunísia (França) e do Egipto (Estados Unidos), o regime líbio não tem nenhum aliado que lhe possa retirar o tapete (o apoio). Hoje, num importante sinal, os próprios diplomatas líbios denunciaram na ONU a repressão que o povo líbio está a sofrer às mãos do ditador Khadafi. E dois pilotos da força área desertaram, ao recusarem-se a bombardear os manifestantes. Isto poderá querer dizer que estará prestes a ruir o poder ditatorial de 40 anos. Será motivo para grandes festejos.
A União Europeia finalmente falou sobre a Líbia, tendo demorado uma longa semana a pronunciar-se. Sabendo que influência externa na Líbia não é tão forte como nos anteriores países, é importante que esta pressão se mantenha. Como tenho defendido desde o inicio das revoltas no mundo árabe, é fundamental que os Estados Unidos e a União Europeia apoiem as revoltas populares. Claro que há muitos perigos pelo meio, e será preciso impedir que estes países no futuro venham a cair sob o jugo teocrático. Mas será muito mais díficil apoiar a democracia nestes países se o Ocidente não se pronunciar abertamente sobre o que está em causa. Esta é uma oportunidade de ouro para implementar uma agenda da liberdade nesta zona do globo.
Numa nota particular sobre o nosso país. É evidente que Portugal tem de manter relações diplomáticas e económicas com países ditatoriais. Isso faz parte do jogo e não podia acontecer de outra forma. Mas era importante que os nossos políticos tivessem mais cuidado no futuro com as relações especiais com certo tipo de governos. As amizades com governantes como Khadafi ou Hugo Chavez, que obviamente não aconteceram apenas neste governo, mas que foram aprofundadas a um nível exagerado, que até levamos um governante aos festejos do aniversário de uma ditadura, não nos prestigiam. Até porque pode haver relações comerciais sem este "lambebotismo" cultivado nos últimos anos.

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