sábado, 18 de dezembro de 2010

Guantanamo

Artigo de Nuno Gouveia
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Nos últimos dias, com tanta discussão à volta dos voos da CIA para Guantánamo, até fiquei com a impressão que os problemas dos portugueses se resumiam a umas centenas de terroristas presos do outro lado do Atlântico. Erro meu, certamente.
Barack Obama fez campanha contra a prisão. A governação mostrou-lhe que mandar uns “bitaites” quando se está fora é mais fácil do que resolver o problema. Este mês a Câmara dos Representantes, de maioria Democrata, legislou no sentido de manter a prisão em pleno funcionamento. Neste momento estão detidos cerca de 250 terroristas, tendo nos últimos anos sido libertados ou transferidos algumas centenas. Entre os que foram libertados, cerca de 25 por cento deles regressaram a actividades terroristas, e os que estão detidos são considerados extremamente perigosos pela Administração. Não há duvidas que foram cometidos vários erros, nomeadamente nos primeiros anos. A prisão de alguns e a libertação de outros assim o prova. Mas como defendeu o Procurador-geral actual, Eric Holder, Guantánamo entrou num período de normalidade, onde o seu funcionamento não tem sido colocado em causa nos Estados Unidos. E a grande maioria da população apoia esta solução, com o julgamento dos seus presos em tribunais militares.
O que muitos críticos parecem se esquecer é que em Guantánamo estão detidos alguns dos mais perigosos terroristas do mundo, responsáveis por vários atentados espalhados pelo globo, desde Bali, Nova Iorque ou Bagdad. Através das investigações lá conduzidas, vários atentados terroristas foram impedidos e milhares de vidas foram salvas. Não deixo de estranhar que em Portugal alguns se preocupem mais com a passagem destes tipo de senhores por cá do que com a presença de terroristas das FARC numa festa de variedades em Lisboa. Critérios.
Pela minha parte, fico satisfeito que, por exemplo, Khalid Sheikh Mohammed, o terrorista que cortou a cabeça ao jornalista Daniel Pearl, esteja detido em Guantánamo. E que passe lá o resto da sua miserável vida.

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