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O caso da herança de Tomé Féteira tem funcionado como um autêntico romance policial para boa parte dos portugueses nestas férias. E o enredo é muito melhor do que a maioria dos livros da especialidade.
Há um monte de dinheiro e bens deixados há 10 anos por um milionário que em vida dizia não amar propriamente os herdeiros.
E há uma luta entre os seus descendentes 'legítimos' e uma senhora, entretanto assassinada no Brasil de forma misteriosa, que vivia com o milionário. Este tivera um filho que morreu novo e uma filha fora do casamento. Pouco depois de ele morrer, faleceu a mulher com quem casara, de causas naturais. Os seus herdeiros são, pois, os sobrinhos da legítima mulher, a filha fruto de uma relação extraconjugal e a senhora que com ele vivia à hora da morte e sobre quem os tribunais decidem se era amante, companheira ou unida de facto.
Quem quiser intriga melhor tem dificuldade em encontrá-la, mesmo nos clássicos da especialidade como Agatha Christie ou Georges Simenon.
O próprio milionário viveu até aos 98 anos uma vida repleta de episódios dignos de uma trama; os herdeiros têm famosos como advogados - Duarte Lima e José Miguel Júdice. A sua fortuna é um jackpot no Euromilhões. É, pois, natural que esta esteja a ser a novela do nosso verão.
O que já não é normal é que, perante o enigma, haja quem pretenda tirar conclusões precipitadas. Como não é normal que alguém com a responsabilidade (e até ações de benemerência assinaláveis) de Duarte Lima não explique cabal e imediatamente todos os contornos do seu encontro, minutos antes da morte da sua cliente Rosalina Ribeiro, preferindo manter um certo mistério, ainda que invoque segredo profissional. Como não é normal que a filha de Tomé Féteira, Olímpia, não querendo explicar nada, se dedique a enviar cartas para os jornais acusando Duarte Lima, Rosalina e até Sousa Cintra de ficarem com o dinheiro que ela entende pertencer-lhe, aparentando estar, ela ou alguém por ela, por trás de uma série de notícias que dão, sem fonte atribuída, Duarte Lima como principal suspeito (o facto ter sido líder parlamentar do PSD e de ter enriquecido de modo súbito torna-o alvo fácil).
E, assim, um montante enorme que se pensaria chegar para todos não chega para ninguém. A herança - a distribuir por tanta gente - mantém-se intacta 10 anos depois. Embora haja suspeitas de que alguns dos envolvidos já lucraram muito, o certo é que, oficialmente, os bens ainda não foram atribuídos.
A ganância, como se vê, não é mal próprio de um regime, de um estilo, do capitalismo ou do neoliberalismo. É, com raras exceções que confirmam a regra, inerente à condição humana.
Acene-se com muito dinheiro e lá está ela. Por vezes, até, com crimes à mistura.
Há um monte de dinheiro e bens deixados há 10 anos por um milionário que em vida dizia não amar propriamente os herdeiros.
E há uma luta entre os seus descendentes 'legítimos' e uma senhora, entretanto assassinada no Brasil de forma misteriosa, que vivia com o milionário. Este tivera um filho que morreu novo e uma filha fora do casamento. Pouco depois de ele morrer, faleceu a mulher com quem casara, de causas naturais. Os seus herdeiros são, pois, os sobrinhos da legítima mulher, a filha fruto de uma relação extraconjugal e a senhora que com ele vivia à hora da morte e sobre quem os tribunais decidem se era amante, companheira ou unida de facto.
Quem quiser intriga melhor tem dificuldade em encontrá-la, mesmo nos clássicos da especialidade como Agatha Christie ou Georges Simenon.
O próprio milionário viveu até aos 98 anos uma vida repleta de episódios dignos de uma trama; os herdeiros têm famosos como advogados - Duarte Lima e José Miguel Júdice. A sua fortuna é um jackpot no Euromilhões. É, pois, natural que esta esteja a ser a novela do nosso verão.
O que já não é normal é que, perante o enigma, haja quem pretenda tirar conclusões precipitadas. Como não é normal que alguém com a responsabilidade (e até ações de benemerência assinaláveis) de Duarte Lima não explique cabal e imediatamente todos os contornos do seu encontro, minutos antes da morte da sua cliente Rosalina Ribeiro, preferindo manter um certo mistério, ainda que invoque segredo profissional. Como não é normal que a filha de Tomé Féteira, Olímpia, não querendo explicar nada, se dedique a enviar cartas para os jornais acusando Duarte Lima, Rosalina e até Sousa Cintra de ficarem com o dinheiro que ela entende pertencer-lhe, aparentando estar, ela ou alguém por ela, por trás de uma série de notícias que dão, sem fonte atribuída, Duarte Lima como principal suspeito (o facto ter sido líder parlamentar do PSD e de ter enriquecido de modo súbito torna-o alvo fácil).
E, assim, um montante enorme que se pensaria chegar para todos não chega para ninguém. A herança - a distribuir por tanta gente - mantém-se intacta 10 anos depois. Embora haja suspeitas de que alguns dos envolvidos já lucraram muito, o certo é que, oficialmente, os bens ainda não foram atribuídos.
A ganância, como se vê, não é mal próprio de um regime, de um estilo, do capitalismo ou do neoliberalismo. É, com raras exceções que confirmam a regra, inerente à condição humana.
Acene-se com muito dinheiro e lá está ela. Por vezes, até, com crimes à mistura.
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