terça-feira, 19 de maio de 2009

Três Euros Por Um Voto

Artigo de Fernando Madrinha
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O "DN" fez as contas: um só voto nas eleições legislativas vai render aos partidos três euros e 15 cêntimos em cada um dos quatro anos da legislatura. Basta que o partido em causa tenha pelo menos 25 mil eleitores, isto é, menos de 0,5% de representatividade. Se o Presidente da República não quiser ou não puder travar o delírio de que foram acometidos os senhores deputados - não apenas os do "abominável" Bloco Central, mas de todas as bancadas, incluindo a mais circunspecta e moralista, que é a do inefável Bloco de Esquerda - a subvenção estatal subirá dos 56 milhões de euros na última legislatura para cerca de 70 milhões. Isto se uma abstenção galopante não lhes trocar as voltas, pois é para isso mesmo que a nova lei de financiamento parece convidar. Depois do aumento brutal do "dinheiro vivo" para as campanhas, estes milhões a mais confirmam que os partidos perderam a noção do país em que se encontram e do momento que vivem os seus cidadãos. Não têm a menor noção dos males que causam a si próprios e ao regime. É verdade que sem partidos não há democracia. Mas, com partidos desacreditados e sem vergonha, a democracia torna-se uma farsa. E estes comportamentos parecem orientados para tal fim, legitimando a pergunta: será que os partidos portugueses querem acabar com a democracia que os alimenta - e de que se alimentam com tanta sofreguidão?

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