Aqui há uns tempos, John O'Sullivan, colunista do "Chicago Sun-Times", contava-me no Estoril que a vitória de Obama em Novembro era praticamente assegurada. São os próprios republicanos quem, em privado, admitem o que não podem dizer em público. E se o tema da "raça" talvez fosse a última esperança das hostes de McCain, a verdade é que o facto de Obama ser preto funciona para ambos os lados: existem indecisos que, por razões politicamente correctas, votarão em Obama precisamente por ele ser preto. O que a cor retira, a cor acrescenta.
Só uma calamidade, acrescentou O'Sullivan, poderia impedir a consagração de Obama: a possibilidade de Obama ser percepcionado pelos americanos, não como um candidato da América, mas como o candidato do mundo. Ou, dito ainda de outra forma, como o candidato do mundo contra a América. É surpreendente e agradável ouvir aplausos, e não insultos, quando um político americano aterra na Europa. A viagem desta semana, aliás, ilustra o ponto: Obama, para os europeus, é uma mistura de Kennedy com Gandhi. Mas convém que os aplausos não sejam excessivos. Caso contrário, os americanos pensarão seriamente se estão a eleger um deles.
Fatalmente para os republicanos, Obama sabe que de nada vale ganhar o mundo (e a Europa) para perder os Estados Unidos. E não admira que, de passagem pelo Médio Oriente, Obama tenha dito duas coisas que, no meio da paixão europeia, ninguém ouviu. Primeiro, que retirar do Afeganistão está fora de questão. Mais: o candidato promete mais duas ou três brigadas suplementares para o país, ou seja, mais oito mil homens no terreno, a juntar aos 36 mil que já lá estão.
E no Iraque? No Iraque, a saída será "responsável" e "gradual". Que o mesmo é dizer: quando a situação o permitir, um eufemismo vago que o aproxima claramente de John McCain.
Sim, a Europa anti-Bush está apaixonada e cega pelo seu Príncipe. Mas existem sinais crescentes de que, depois da vitória, a Europa pode acordar novamente com um sapo.
Só uma calamidade, acrescentou O'Sullivan, poderia impedir a consagração de Obama: a possibilidade de Obama ser percepcionado pelos americanos, não como um candidato da América, mas como o candidato do mundo. Ou, dito ainda de outra forma, como o candidato do mundo contra a América. É surpreendente e agradável ouvir aplausos, e não insultos, quando um político americano aterra na Europa. A viagem desta semana, aliás, ilustra o ponto: Obama, para os europeus, é uma mistura de Kennedy com Gandhi. Mas convém que os aplausos não sejam excessivos. Caso contrário, os americanos pensarão seriamente se estão a eleger um deles.
Fatalmente para os republicanos, Obama sabe que de nada vale ganhar o mundo (e a Europa) para perder os Estados Unidos. E não admira que, de passagem pelo Médio Oriente, Obama tenha dito duas coisas que, no meio da paixão europeia, ninguém ouviu. Primeiro, que retirar do Afeganistão está fora de questão. Mais: o candidato promete mais duas ou três brigadas suplementares para o país, ou seja, mais oito mil homens no terreno, a juntar aos 36 mil que já lá estão.
E no Iraque? No Iraque, a saída será "responsável" e "gradual". Que o mesmo é dizer: quando a situação o permitir, um eufemismo vago que o aproxima claramente de John McCain.
Sim, a Europa anti-Bush está apaixonada e cega pelo seu Príncipe. Mas existem sinais crescentes de que, depois da vitória, a Europa pode acordar novamente com um sapo.
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