Se tivesse havido portugueses brancos envolvidos nos tiroteios da Quinta da Fonte, facilmente se identificavam os culpados: Eram eles, com certeza. Quem mais poderia ser, se não os brancos racistas ?. Assim, como os protagonistas do conflito são ciganos e africanos, a esquerda bem-pensante e os especialistas em sociologia barata ficam um pouco baralhados. Mas lá vão encontrando maneira de desresponsabilizar o mais possível, tanto os bandos de africanos que, pelos vistos, assaltam de pistola em punho e roubam a seu belo prazer, como os bandos de ciganos que ao menor pretexto, puxam da faca ou da caçadeira. Os restantes dois mil e tal moradores, que trabalham para ganhar o pão, vivem refens de não mais que duas ou três dezenas de rufias, segundo a Governadora Civil de Lisboa, e são esses que infernizam a vida de todos. Perante este quadro, é extraordinária a ginástica mental que por ai vai com o propósito de encontrar os verdadeiros responsáveis pelo conflito que deu origem ao tiroteio - Cuja causa próxima, por sinal, nem autoridades nem jornalistas souberam explicar com precisão. Os verdadeiros responsáveis, segundo as opiniões que mais se fazem ouvir, não são os individuos que se põem aos tiros uns contra os outros, espalhando o medo e a insegurança nesta como noutras zonas da periferia das grandes cidades. Não. Os culpados são as Camaras Municipais porque não fazem os bairros a preceito, ou é a sociedade que não compreende as especificidades da cultura cigana, ou é o Estado que não cuida dos problemas psicológicos dos filhos dos emigrantes africanos. Por acaso, os pais desses adolescentes sofreram e sofrem uma vida bem mais dura do que as que lhes coube em sorte e não tiveram problemas psicológicos de integração que os levassem para a marginalidade. O mesmo aconteceu com os emigrantes portugueses, em paises tão diferentes como a França ou a Venezuela: Trabalharam e viveram em condições degradantes, mas não há noticia de que os seus filhos se tenham tornado problemáticos para a sociedade. A lógica desculpabilizadora e paternalista que tem feito escola entre nós é perniciosa pelos efeitos inibidores que acaba por ter nos governos e nas forças de segurança. O que se exige destes é que garantam a segurança dos cidadãos e façam cumprir a lei onde e por quem quer que ela seja infringida. E que não usem de especial dureza, nem de especial complacência porque os transgressores são brancos, pretos, ciganos ou de qualquer outra etnia. Na Quinta da Fonte ou em qualquer outro bairro do país, o que se reclama do Estado é que saiba afirmar a sua autoridade e garantir a ordem pública. Isto independentemente de todos sabermos que há na cintura de Lisboa uma situação social explosiva, ou que o racismo não é só a preto e branco. Para o combater não basta pormo-nos todos a fingir que ele não existe
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