Uma pessoa recebe mensagens por tudo e por nada, que não foram autorizadas, nunca, jamais, às vezes nem nunca sequer teve alguma relação com a entidade emissora. Num dia é pacotes de televisão, noutro é uma boa oferta de pneus, depois há inspecções ao carro, até se ganhou uma viagem. Quando não é mensagens, é telefonemas. Também não autorizados. Nem sabemos quem eles são e imploramos, por favor, para desligarem, mas eles nada, “agora vais ouvir até ao fim, porque eu estou a fazer o meu trabalho”. Já a Protecção Civil, para enviar mensagens de socorro, teve de solicitar autorização à Comissão Nacional de Protecção de Dados, porque isto aqui não é o da Joana. E nem o do João.
Felizmente, este órgão que zela pela nossa privacidade autorizou. Mas devem ter levado dias a analisar a problemática da situação em apreço.
Podia dar-se o caso de ir contra a Constituição, por exemplo. Um gajo prestes a ficar rodeado pelo fogo e pode saltar-lhe um sms de uma operadora que tem mais 40 canais que ninguém quer ver, mas da Protecção Civil nada, que não tem nada de incomodar as pessoas.
O problema, supostamente, estava na localização, porque os alertas são direccionados para determinadas zonas. Estou certo que mesmo um gajo que esteja a montar a secretária – ou a ser montado por ela, para respeitar a igualdade – ou simplesmente a comer um Calippo – porque há quem se recuse a comer este tipo particular de gelado em público – não se importará de ser localizado por uma antena acéfala, que responde a um sinal enviado por outra antena, que responde ao computador de um gajo ou gaja que não quer saber do que nós estamos a fazer.
“Deixa-me esconder o Calippo porque o Júlio da Altice já deu comigo aqui só porque a Protecção Civil se borrou com uma queimada, vou fingir que vim limpar a mata.”
Por favor, tanta merda. Tanta autorização. Mas será que é preciso uma comissão dar autorização a uma autoridade nacional, com a missão de proteger as pessoas, para enviar uma mensagem que qualquer chafarica pode enviar só porque há uma boa promoção em pneus!? Matem-se, porque é à conta disto que o atraso é gigante e não só faz pobres, como faz vítimas.
É como os helicópteros, que também estão à espera do visto prévio do Tribunal de Contas, mas o primeiro-ministro disse hoje à tarde que, em caso de catástrofe, mesmo sem visto prévio, podem ser accionados. Então é porque já estão a funcionar, pois é para acudir que eles servem. Já se sabe que enquanto não vier o visto prévio não podem levar o Carlos César aos Açores, mas se já podem responder a uma situação de emergência, então já estão a funcionar, operacionais, prontinhos, que se lixe o visto.
E se precisarem de voar para treinos e coisas do género, voem, voem bem alto que o povo já paga tanta coisa que não devia, não é com certeza uma coima ao Tribunal de Contas que vai dar cabo dele.
Com todo o respeito, isto parece de doidos. A Comissão dos Dados autoriza a Protecção Civil a proteger pessoas. O Tribunal de Contas ainda está a ver se dá o visto prévio aos helicópteros, visto prévio esse que deverá conhecer um definitivo mais à frente, que se bem conheço o meu país também não será completamente definitivo. E só por isso é que ainda não temos os helicópteros que já temos. Não é complicado. Qualquer estúpido deve conseguir perceber isto. Explicar é que é mais difícil.
P.S. - Quando um site satírico soa a sério algo está podre...
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