Artigo de Henrique Monteiro
Houve exames do 4º ano do ensino básico, a minha antiga 4ª classe. Foi uma tragédia. Apareceram uns doutores em psicologia e uns especialistas em educação (mas não somos todos especialistas em educação e doutores em psicologia?) a dizer que isso stressava os meninos e os angustiava.
Tremi! Não sei o suficiente para ter uma posição definitiva e fechada sobre a necessidade de haver exames ou sobre as vantagens de eles não existirem. Mas sei o suficiente para saber que as escolas devem preparar as crianças para a vida. E a vida, como sabem os doutores em psicologia e os especialistas em educação, não é stressante, pelo que é uma barbaridade infame mostrar aos alunos com nove anos o que é stresse.
Sinceramente, não quero discutir o valor pedagógico dos exames, repito que não tenho argumentos a favor ou contra. Mas quero dizer que esses especialistas de educação e psicólogos de pacotilha - discípulos da primeira fase de Dr. Spock e seguidores da loucura pedagógica anarquista de Freinet - são uns pândegos. Mas fazem muito mal, muito mal mesmo, à sociedade, arvorando-se de um saber que, longe de ser consensual, só tem eco nos jornais porque agrada à parangona jornalística. Vir alguém dizer: exames não, porque isso stressa os miúdos, é tão idiota que não tem classificação.
Felizmente, ontem assisti um debate sobre educação em Viseu, no âmbito dos 40 anos do Expresso, que me reconciliou com a inteligência. Os ex-ministros Maria de Lurdes Rodrigues e David Justino, além de Fernando Adão da Fonseca, Fernando Sebastião e Teresa Salema, moderados por Francisco Balsemão, souberam afastar este tipo de ruído idiota e debater civilizadamente o essencial: como evoluímos e como devemos continuar a evoluir num caminho cheio de dificuldades, mas que tem tido sucessivamente melhores resultados. E foi contra discursos como os dos pretensos psicólogos e especialistas em educação, bem como contra as palavras de ordem da FENPROF que esse caminho positivo tem sido sempre feito.
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