Que Portugal tem um problema de produtividade não é novo. Está identificado há
muito e surge em todos os relatórios sobre trabalho no nosso país, que ocupa,
entre os 27 da UE, o 20.º posto desse ranking.
É, por isso, o argumento mais usado sempre que se avançam com reformas
laborais que cortam direitos, e salários, aos trabalhadores. Já em relação ao
tempo de trabalho dos portugueses surgem mais dúvidas. Angela Merkel chegou a
afirmar, no início do nosso programa de resgate, que em Portugal havia
demasiados dias de férias e Durão Barroso, recentemente, teve mesmo de vir a
terreiro sublinhar que os portugueses não eram "malandros". Os números mostram
que, de facto, somos o quinto país com a maior carga horária laboral.
Trabalhar muito não significa trabalhar bem, é verdade. O problema de uma
melhor organização do trabalho, bem como a requalificação (e formação) dos
trabalhadores é essencial para aumentar os níveis de produtividade nacional. E é
aqui que a famigerada reforma do Estado, bem como a estratégia de crescimento
económico e apoio às empresas nacionais privadas, têm de centrar a ação.
Uma racionalização da administração central do Estado, centralizando muitos
serviços e evitando duplicações e desperdícios, bem como o fomento à formação
dos trabalhadores, do público e do privado, devem ser prioridades. Portugal pode
aproveitar as imposições da grave crise que atravessa para, em vez de cortes
cegos, mudar com estratégia. Só assim alterará os rankings que sempre colocaram
os nossos trabalhadores entre os que mais trabalham, mas menos produzem. (Editorial do DN)
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