Artigo de Ferreira Fernandes
Pensando na célebre frase do ministro das Finanças alemão Schäuble ("A União
Europeia é uma coisa simples, 27 países a tentar fugir da austeridade durante 90
minutos, e no fim ganham sempre os alemães"), ontem vi o B. Dortmund-Bayern na
final da Champions. Em ópera eles são bons. No palco de Wembley, neste ano de
bicentenário de Verdi e de Wagner, nenhuma equipa latina e duas alemãs. A Europa
cantada num hectare de relva. Entrou o Dortmund e foi como se ouvíssemos o seu
treinador Jürgen Klopp, com a voz de baixo-barítono do personagem Wotan: "Quando
os poderes audaciosos se enfrentam, eu aconselho a guerra", na ópera A
Valquíria. Abriu-se, pois, com a cavalgada das valquírias, poderosas e sem
cordialidade. Os outros, os do Bayern, são mais conhecidos pela ópera ligeira,
até mesmo música de cabaré, por muito que nos custe imaginar o Ribéry com as
pernas da Marlene Dietrich. São mais jeitosos, quase latinos, como prima-donas.
Mas o Dortmund impôs o seu jogo germânico até aos adversários e no segundo ato
já eram anéis de nibelungo dos dois lados: movimento, drama, vontade. Admirável
de ver (ganda jogo!, gritava o plebeu que há em mim quando desligava a música
clássica). Viva, então, o sistema alemão? Não, empatou todos. Como resolver,
insistir nas cavalgadas? Não, mudar de Wagner: passou-se para a sua ópera O
Holandês Errante, sobre a redenção do amor. No último minuto, o holandês errante
Robben resolveu. Com um toque subtil.
Adenda pessoal: O Bayern chegou ao seu 5º triunfo na Liga dos Campeões, após vitória por 2 a 1 sobre o Dortmund, num magnífico jogo de futebol
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