Nada melhor para mostrar as nossas incertezas e fraquezas do que ouvir gente
que nem disso se dá conta. De um lado, o consultor do Governo para as
privatizações, António Borges, a dizer que "os empresários que se apresentaram
contra a medida [mudanças na TSU] são completamente ignorantes". Do outro, o
líder sindicalista Arménio Carlos a garantir que "se o Governo não ouve o povo a
bem, ouve a mal". A falta de dúvidas de Borges é terrível, da função dele
esperar-se-iam pontes entre o Governo e os empresários, não insultos. Ora o que
ele disse tem como precedente a incapacidade de se lhes ter explicado o que de
bom traria a mudança na TSU - o quase unânime repúdio dos patrões sobre o
assunto mostra que algum erro deve ter havido da parte dos explicadores. Chamar
burros a quem se explicou mal indicia que Borges não aprendeu com o erro (dele)
e que vai continuar por aí. Impante e sem dúvidas é exatamente o tipo de
responsável de que não precisamos hoje. A ameaça de Arménio Carlos também é
terrível, porque acena com uma força indevida. Encher as ruas e as praças de
protestos pode ser um termómetro, alerta - serve para isso, não mais. É prudente
ouvir esse termómetro, mas ninguém é obrigado, nem o Governo. Obrigatório,
mesmo, é outro instrumento. Chama-se eleições, e da última vez encheu as praças
(neste caso, urnas) com 2.813.729 eleitores (soma PSD e CDS). Só as seguintes
obrigam a ser ouvidas, "a bem ou a mal".
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