Pedro Passos Coelho e Paulo Portas somam décadas de vida política, isto é, de
acordos desfeitos e refeitos e de eu sei que tu sabes que eu sei aos montes. E
agora quiseram os comentadores que o banalíssimo rearranjo de relação de forças
entre parceiros pusesse em risco a convivência dos dois. Nada mais pode voltar a
ser igual!, decretaram, solenes. Experimentados, Pedro e Paulo agradeceram que
os holofotes se virassem para si próprios, apreciaram dar o corpo ao manifesto,
pois enquanto o pau vai e vem, folgam as costas da sua política. Passamos assim
uma semana em que o assunto foi os protagonistas e não o trabalho para que os
indigitámos protagonistas. Ontem, à falta de resolver Portugal, a coligação
resolveu-se. De manhã, Passos Coelho e Portas reuniram- -se em São Bento e, ao
princípio da noite, dez altos dirigentes, cinco de cada partido, reuniram-se no
Hotel Tivoli. Suspiremos de alívio, correu tudo bem: vão continuar juntos. Para
quem dizia que o Governo era ineficaz, o desmentido: há dias detetou-se uma
crise e logo ontem foi resolvida. Vão continuar juntos, agora só falta o resto.
Eu estou otimista, nem tanto pelo anúncio do Conselho de Coordenação da
Coligação (ideia gira: os dois partidos criam um organismo para lembrar que
estão coligados), mas pela pujança da sociedade civil que vi à porta do Hotel
Tivoli. Enquanto saíam os dez na reunião, vi passar o triplo de homens de
negócio angolanos.
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