Eu tinha a certeza que tinha aqui uma chave de fendas que encaixava neste parafuso. Não sei se a roubaram, se desapareceu, se já não estava cá há algum tempo e não dei por isso antes. Só sei que a chave de fendas não está aqui. Se a roubaram é porque vieram cá a casa. Alguém devia tirar isso a limpo, de preferência alguém que se incomode com a ideia de pessoas desconhecidas entrarem cá em casa quando eu não estou. É verdade que não vivo sozinho… às tantas foi um dos outros que tirou a chave de fendas. Podia perguntar-lhes… Não, acho que não. No limite, a chave de fendas pode nunca ter existido. E eu? Será que eu existo? Estou a pensar nisto, devo existir… E se não sou eu a pensar? E se só penso que estou a pensar mas não estou, se está alguém a pensar o que eu julgo que penso?…
Não me interessa. Se eu não existir, também não há qualquer garantia deste parafuso existir e, assim, não me faz qualquer falta a chave de fendas. E o parafuso a menos também não me faz falta nenhuma.
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