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Quando Barack Obama foi eleito Presidente dos Estados Unidos, poucos anteveriam um mandato tão turbulento e difícil. Uma figura transformacional e carismática que parecia destinada a mudar para sempre a face da América e do Mundo, desfigurado no papel de um mero político em apuros. Mas, a um ano das eleições presidenciais, todos os sinais apontam para o sério risco de Obama ser um Presidente de um só mandato. O especialista eleitoral Nate Silver, do New York Times, afirmou recentemente que as suas hipóteses de vitória são de 50 por cento, e esta é uma das análises mais optimistas que tenho lido. Acossado por movimentos populistas à direita (Tea Party) e à esquerda (Occupy Wall Street), Obama parte para a campanha eleitoral com índices negativos de popularidade e sem grandes motivos para alento, a acreditar em todas as previsões económicas. Sendo a economia o tema essencial das eleições presidenciais, Obama será o Presidente a enfrentar uma campanha de reeleição com a taxa de desemprego mais alta desde a Segunda Guerra Mundial, e desde Franklin D. Roosevelt que nenhum Presidente é reeleito com um desemprego tão elevado. Mas Obama tem os seus trunfos. Apesar da impopularidade das suas políticas, Obama permanece uma figura simpática e os americanos continuam a apreciá-lo em termos pessoais. Além disso, Obama prepara-se para reeditar uma estratégia já utilizada com sucesso em 2004 por George W. Bush: "As coisas não estão bem, mas com o meu adversário será muito pior". Tal como a campanha de Bush caracterizou John Kerry como inelegível para o cargo, Obama prepara-se para tentar fazer o mesmo com o seu adversário. Que ainda não é conhecido.
O adversário republicano
Os republicanos ainda estão no processo de encontrar o seu candidato, e só em Março do próximo ano é que deveremos ter um nomeado. Obama estará a desejar que os republicanos radicalizem à direita e designem um dos candidatos apoiados pelos sectores mais conservadores do Tea Party, o que tornaria a sua vida bem mais fácil. Mas, conhecendo o histórico pragmatismo republicano, dificilmente o nomeado não será Mitt Romney, antigo governador do estado do Massachusetts, que tem um perfil moderado e sedutor para o eleitorado independente. Os restantes republicanos na corrida apresentam grandes debilidades, que, caso fossem nomeados, poderiam transformar umas eleições muito disputadas num passeio para Obama. A previsível vitória de Mitt Romney nas primárias republicanas não será sinónimo de unidade à direita. Romney terá de fazer um esforço para convencer a ala mais à direita do seu partido que é um dos deles. E isso significa uma escolha conservadora para candidato a Vice Presidente. Os nomes mais falados são o senador Marco Rubio da Florida, o governador Chris Christie de New Jersey e o congressista Paul Ryan do Wisconsin.
O mapa eleitoral de 2012
Em 2008, Barack Obama derrotou John McCain em quase todos os chamados Swing States. A sua vitória foi esmagadora e obteve 358 votos no Colégio Eleitoral contra 180 de McCain. Partindo da base eleitoral de 2008, verificamos que Obama terá de perder 90 votos eleitorais para ser derrotado. A NCB News publicou recentemente uma previsão eleitoral em que atribui 196 votos para Obama e 195 votos para o candidato republicano, com 147 em situação de empate técnico. Se olharmos para o mapa, verificamos que estas eleições vão decidir-se principalmente em três zonas: nos estados do Oeste, Colorado, Nevada e Novo México; no Midwest, nos sempre competitivos Wisconsin, Michigan, Iowa, Ohio e na vizinha Pensilvânia; e em três estados do Sul: Virgínia, Carolina do Norte e Flórida. Estamos a falar de onze dos estados que Obama venceu.
Se as eleições fossem hoje, a minha aposta iria para Mitt Romney. Mas a história tem-nos dado belas lições. E não é preciso recuar muito. Ainda em 2007, também pelo mês de Novembro, mil e um analistas políticos de todo o mundo juravam que passado um ano teríamos Hillary Clinton como a primeira Madam President. Por isso, concordaria com a previsão de Nate Silver: 50 por cento de hipóteses para cada lado.
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