quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A Impotência De Obama

Artigo de Nuno Gouveia
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Há uns dias li num jornal americano a seguinte citação de um democrata que não quis dar a cara: "Hillary teria sido melhor Presidente". Esta é a sensação de muitos democratas, entre os quais alguns apoiantes de primeira hora de Barack Obama. A desilusão com Obama é profunda e extravasa em muito o eleitorado independente, que votou maioritariamente nele em 2008. As últimas semanas foram dramáticas para o Presidente, que viu a sua capacidade de liderança ser colocada em causa, ao ser constantemente ultrapassado pelos acontecimentos. Depois da campanha quase perfeita que realizou no ciclo eleitoral de 2008, "agravada" pela sua retórica messiânica, a desilusão era uma certeza para qualquer espectador atento. A dúvida, e eu também sempre a tive, era se esse sentimento seria apenas de circunstância ou, pelo contrário, colocaria em causa a sua reeleição. Neste momento, e com a salvaguarda que ainda falta mais de um ano, e que temos à direita um Partido Republicano ainda à procura do candidato ideal, as suas hipóteses de vitória em 2012 parecem diminuir a cada dia que passa. Esta semana, enquanto Barack Obama discursava numa tentativa de acalmar os mercados, Wall Street caía a pique. Nada é mais perigoso para um Presidente americano do que o sentimento de impotência. Jimmy Carter também acabou por sucumbir devido a essa mesma impotência de mudar o rumo da economia, agravada pela situação dos reféns da embaixada americana em Teerão.
Com a sua impopularidade a subir em flecha, Obama só poderá fazer uma coisa: transformar as eleições num referendo... ao seu adversário. Como dizia um assessor de Obama esta semana ao Político, para vencer será preciso "kill Romney", a crer que será esta a escolha republicana. Ou outro qualquer. A campanha não vai ser bonita. Mas será certamente muito interessante.

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