domingo, 17 de julho de 2011

Obama Rende-se Ao Sucesso Português

Artigo de Ferreira Fernandes
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A diplomacia americana retoma a velha táctica: um murro nos dentes, um beijo na boca. Um dia, o murro é das agências de rating, e somos lixo. No dia seguinte é o homem mais poderoso do mundo que nos elogia: "Não somos Portugal!" Luís Filipe Vieira quando se quer pôr em bicos de pés não diz: "Não somos o Olhanense." Compara-se, isso sim, com os da sua igualha: "Não somos o FCP!" Também Obama, quando teve de se afirmar, olhou para a cena internacional e escolheu-nos: "Não somos Portugal!" A última vez que a América nos defrontou com igual terror acabou com eles a abraçarem-se, o que, se significou que nos tinham ganho (eliminaram-nos, 3-2, no Mundial de 2002), também mostrou a surpresa que foi para eles terem-nos ganho. O desprezo que alguns vêem nesse "não somos Portugal!" não pode esconder a admiração implícita do todo-poderoso ao escolher-nos para comparação. É como a frase fingida de Estaline, no auge do seu poderio: "Quantos tanques tem o Vaticano?" - evidentemente que o russo sabia que o campeonato da Santa Sé era outro (e viu-se com João Paulo II, que desbaratou o império soviético) mas desconversava para abafar os próprios receios. Mas, então, o que é nosso que faz tremer Obama? Notícia, de ontem: a produção da Autoeuropa cresceu 921%. E, entretanto, Detroit continua de pantanas... Claro que vão aparecer economistas a rir-se dessa minha comparação. Mas eu pergunto-vos: ainda ouvem os economistas?

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