Artigo de Fernando Madrinha
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Henrique Granadeiro rejubilou com um negócio que deixou todas as partes satisfeitas. E José Sócrates deu por justificado o recurso à golden share, talvez mais aliviado do que satisfeito. Aliviado porque não carregará o ónus de ter inviabilizado um negócio que os acionistas da PT consideravam bom, mesmo sem os 350 milhões a mais. Já quanto a satisfação verdadeira temos que duvidar dela se eram genuínas as razões invocadas para o uso do veto: o "interesse estratégico nacional". Desde logo porque o negócio se fez, apesar da golden share. Depois porque o tal "interesse" não está igualmente defendido quando se comparam 50% de uma empresa líder no mercado em que atua e 22,5% de uma concorrente mais fraca. Temos, assim, que todos se declaram satisfeitos, mas nem todos ganharam. Ganhou a Telefónica, ganharam os acionistas da PT, ganharam, ou vão ganhar, Granadeiro e os seus homens porque fizeram um trabalho elogiado por todos. Mas perdeu o tal "interesse estratégico" porque, como Lula veio logo esclarecer, a PT é bem-vinda, mas a Oi vai continuar a ser "brasileira da silva". O gesto do Governo português foi, então, gratuito? Não. Valeu 350 milhões de euros. Bastava que, em vez do "interesse estratégico", se tivesse invocado o preço e nada haveria a dizer
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