Recordando, em entrevista à agência Lusa, o dia em que recebeu a notícia da criação deste partido revolucionário armado, Otelo Saraiva de Carvalho fala em "apreensão e perturbação com a ideia".
A 20 de Abril de 1980, as FP-25 apresentam-se ao país numa aparatosa operação de rebentamento de petardos, espalhando de Norte a Sul exemplares do seu "Manifesto ao Povo Trabalhador".
"Logo que este primeiro manifesto saiu a lume causou uma perturbação muito grande, que vai avolumar-se ao longo dos anos. Estávamos na altura a trabalhar no sentido de levantar a FUP, que se constituía como base de diversas forças da esquerda revolucionária para concorrer às eleições parlamentares desse ano. [As FP-25] vão constituir-se como obstáculo a que consigamos um consenso grande entre gente que era do Movimento de Esquerda Socialista (MES) e gente da OUT", recordou.
A 5 de maio de 1980, na primeira acção violenta reivindicada pelas FP, é assassinado o soldado da GNR Henrique Hipólito, num assalto a dois bancos no Cacém.
"Na sequência dessa acção nós - OUT/FUP - decidimos fazer um comunicado, demarcando-nos das acções das FP-25, que não tinham nada que ver com o nosso espírito de concorrer para um processo eleitoral. Decidimos depois agir como se as FP-25 não existissem", afirmou.
Ainda assim, disse, a organização "constituiu-se sempre como um obstáculo, e diminuiu em muito as possibilidades [da FUP] em termos de representação eleitoral. Foi um choque grande e um prejuízo total".
Otelo Saraiva de Carvalho assumiu que o objectivo anunciado pelas FP é comum ao da Estrutura Civil Armada que compõe o seu Projecto Global (PG), mas apressa-se a sublinhar as diferenças.
"O PG foi lançado por mim em reuniões que fui fazendo pelo país em 1977. Era um projecto de luta antifascista [para poder reagir] ao capitalismo selvagem que estava a verificar-se", lembrou.
A ideia era criar "condições para uma preparação militar para trabalhadores, garantindo que, se houvesse um regresso do fascismo a Portugal, estávamos habilitados com produção de ideologia, por parte da OUT/ FUP, com uma estrutura civil que pudesse armar-se se houvesse necessidade, e com os quartéis, de onde sairiam as armas e o apoio por parte dos que lá estavam. Era um projecto insurrecional, que morreria por falta de espaço para intervenção".
O militar de Abril sublinhou que "as FP-25 eram mais radicais porque entravam directamente na luta armada, não esperavam por qualquer processo insurrecional, por qualquer regresso do fascismo. Consideravam que estávamos em pleno capitalismo, que o poder era um poder fascista, e que havia que combatê-lo. E essa não era a minha perspectiva".
Sobre a condenação por ser um dos líderes do grupo terrorista, acusação que ainda hoje nega, Otelo Saraiva de Carvalho considera que "a máquina estava toda montada para [o] liquidar em termos políticos".
"Havia um conluio do PCP com o CDS e com o PSD para a minha liquidação total. Fiquei cinco anos preso preventivamente, quando o máximo era quatro anos. Quando eu fui detido, cerca de 70 por cento dos inspectores da PJ eram militantes do PCP. Todo o meu processo foi tratado e conduzido, mesmo em tribunal, pelo secretariado de trabalhadores do PCP", concluiu.
A 20 de Abril de 1980, as FP-25 apresentam-se ao país numa aparatosa operação de rebentamento de petardos, espalhando de Norte a Sul exemplares do seu "Manifesto ao Povo Trabalhador".
"Logo que este primeiro manifesto saiu a lume causou uma perturbação muito grande, que vai avolumar-se ao longo dos anos. Estávamos na altura a trabalhar no sentido de levantar a FUP, que se constituía como base de diversas forças da esquerda revolucionária para concorrer às eleições parlamentares desse ano. [As FP-25] vão constituir-se como obstáculo a que consigamos um consenso grande entre gente que era do Movimento de Esquerda Socialista (MES) e gente da OUT", recordou.
A 5 de maio de 1980, na primeira acção violenta reivindicada pelas FP, é assassinado o soldado da GNR Henrique Hipólito, num assalto a dois bancos no Cacém.
"Na sequência dessa acção nós - OUT/FUP - decidimos fazer um comunicado, demarcando-nos das acções das FP-25, que não tinham nada que ver com o nosso espírito de concorrer para um processo eleitoral. Decidimos depois agir como se as FP-25 não existissem", afirmou.
Ainda assim, disse, a organização "constituiu-se sempre como um obstáculo, e diminuiu em muito as possibilidades [da FUP] em termos de representação eleitoral. Foi um choque grande e um prejuízo total".
Otelo Saraiva de Carvalho assumiu que o objectivo anunciado pelas FP é comum ao da Estrutura Civil Armada que compõe o seu Projecto Global (PG), mas apressa-se a sublinhar as diferenças.
"O PG foi lançado por mim em reuniões que fui fazendo pelo país em 1977. Era um projecto de luta antifascista [para poder reagir] ao capitalismo selvagem que estava a verificar-se", lembrou.
A ideia era criar "condições para uma preparação militar para trabalhadores, garantindo que, se houvesse um regresso do fascismo a Portugal, estávamos habilitados com produção de ideologia, por parte da OUT/ FUP, com uma estrutura civil que pudesse armar-se se houvesse necessidade, e com os quartéis, de onde sairiam as armas e o apoio por parte dos que lá estavam. Era um projecto insurrecional, que morreria por falta de espaço para intervenção".
O militar de Abril sublinhou que "as FP-25 eram mais radicais porque entravam directamente na luta armada, não esperavam por qualquer processo insurrecional, por qualquer regresso do fascismo. Consideravam que estávamos em pleno capitalismo, que o poder era um poder fascista, e que havia que combatê-lo. E essa não era a minha perspectiva".
Sobre a condenação por ser um dos líderes do grupo terrorista, acusação que ainda hoje nega, Otelo Saraiva de Carvalho considera que "a máquina estava toda montada para [o] liquidar em termos políticos".
"Havia um conluio do PCP com o CDS e com o PSD para a minha liquidação total. Fiquei cinco anos preso preventivamente, quando o máximo era quatro anos. Quando eu fui detido, cerca de 70 por cento dos inspectores da PJ eram militantes do PCP. Todo o meu processo foi tratado e conduzido, mesmo em tribunal, pelo secretariado de trabalhadores do PCP", concluiu.
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