sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Presidenciais EUA 2012 LXIII

Pode Obama Recuperar Da Tareia?

Artigo de Henrique Raposo
 
Mitt Romney iniciou a sua intervenção no debate presidencial de Denver a contar um episódio que envolvia uma eleitora do Ohio. Percebe-se bem: nunca nenhum republicano foi eleito Presidente sem conquistar este estado do Midwest. As semanas anteriores tinham sido desastrosas para as suas aspirações, com as sondagens a assinalarem uma hegemonia de Barack Obama a nível nacional, mas principalmente na maioria dos estados indecisos. Por exemplo, no Ohio, Obama estava quase 10 pontos à frente. A Convenção Democrata proporcionara-lhe uma subida consistente nas sondagens, e no campo de Romney as más notícias sucederam-se ao longo do mês de Setembro: o vídeo dos 47%, as críticas de influentes colunistas conservadores e o desânimo instalara-se nas hostes republicanas. Expressões como "derrotado", "sem carisma" ou "milionário desligado dos problemas das pessoas" eram utilizadas de forma regular para o descrever na imprensa americana. Mas o debate transformou radicalmente a narrativa desta campanha, e apareceu-nos um político "optimista", "assertivo" e "combativo". Um Partido Republicano, que antes estava desconfiado e sobretudo desmoralizado, emergiu com um novo estado de alma, confiante na vitória e totalmente unido em redor do seu candidato.
Não tenhamos ilusões: a vitória de Romney no debate de Denver foi histórica. Nas semanas anteriores, li muitos analistas americanos a defenderem que os debates nunca são verdadeiramente decisivos. Bem, depois do que estamos a assistir, o melhor será apagar esses textos. Segundo um estudo da CNN, 67% dos espectadores consideraram Romney vencedor, enquanto apenas 25% atribuíram o triunfo a Obama. Nenhum outro candidato desde 1984, data em que se começaram a realizar sondagens pós-debates, tinha ultrapassado os 60%. Esta semana, e pela primeira vez desde Outubro de 2011, Romney surgiu na liderança da média de sondagens do site Real Clear Politics. Nos estados indecisos, Romney assumiu o comando ou recuperou substancialmente terreno, inclusive em alguns que anteriormente eram considerados fechados a favor de Obama.
No entanto, uma eleição não se define num momento único, por mais extraordinário que ele o tenha sido. O grande argumento em favor de Obama é precisamente a história que tinha vindo a ser construída antes ao debate. Se a situação económica permanecia negativa para o Presidente, durante meses a campanha foi sobretudo um referendo às posições e ao carácter de Romney. E a avaliação dos eleitores, a acreditar nos estudos de opinião, não estava a ser positiva. Portanto, e apesar do excelente momento do republicano, nada nos garante que no debate da próxima semana a corrida não se possa inverter novamente. Além disso, e olhando para a matemática dos estados indecisos, continua a ser mais acessível para Obama chegar aos 270 votos no Colégio Eleitoral.
Se Obama triunfar nos restantes confrontos, acredito que será reeleito Presidente. Mas se Romney for declarado vencedor ou até alcançar uns empates não comprometedores, provavelmente irá convencer a maioria dos eleitores indecisos e será o novo inquilino da Casa Branca a partir de 2013.


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