A desonestidade intelectual de Francisco Louçã e do Syriza do eixo Príncipe Real/Bairro Alto é tão grande que chega a ser cómica. Uma entrevista de Louçã é uma peça de humor involuntário. Há dias, no Sol, Louçã começou a entrevista com as seguintes afirmações: vivemos no "IV Reich", o "Reich de Merkel"; estamos a ser esmagados por um exército "prussiano" recheado de "panzers financeiros". É assim que a malta gosta de um político, não é verdade? Num momento delicado como este, devemos carregar nas cores do populismo, sobretudo se for o populismo cheio de piadolas inspiradas no Canal História. E o Enver Hoxha do Bairro Alto não nos deixa ficar mal: oferece-nos todos os dias este engraçadismo histórico. "Mas quem é Enver Hoxha?", perguntam os mais novos. Bom, Enver Hoxha fez uma espécie de Reich mas em mau, foi o Bismarckzinho da Albânia.
Mas, verdade seja dita, as melhores partes surgem quando o populismo de Louçã perde as luvas engraçadistas, passando a ser um mero populismo de taxista. Às tantas, Louça afirmou que a troika é a política de "austeridade, agressividade social, empobrecimento...". O jornalista teve de interromper para dizer que a troika representa "a necessidade de financiamento do Estado" (um pormenor que Louçã esquece sempre). Como é que o nosso Hoxha respondeu a isto? Com uma cómica recusa dos factos: "Bem, o problema é que Portugal tinha financiamento antes de existir troika". A realidade é uma nota de rodapé nesta cabeça albanesa. Em consequência, a comicidade não fica por aqui.
Nesta entrevista e noutras ocasiões, Louçã fala de um possível governo do Syriza da mesma forma que a D. Emília fala dos pastorinhos. Aquele governo, ora essa, resolveria os problemas da Grécia e da própria Europa. Porquê? Porque seria um governo da esquerda verdadeira, a esquerda que é um advento religioso, seria o início de uma Era, o After Syriza. Por artes mágicas, a dívida grega passaria a ser uma "dívida ilegítima" (os alemães que paguem), porque com um "governo de esquerda" o povo grego passaria "a ter a capacidade de decisão", passaria "a discutir, a negociar" (os alemães que paguem). O nosso Hoxha consegue ainda dizer que "ninguém vai pagar a dívida grega, não é possível". Problema? Louçã esquece dois pormenores: os gregos não pagam os impostos que deviam pagar e grande parte da dívida grega já foi perdoada (os alemães e outros já ficaram a arder). Confesso que também gostava de ser assim, também gostava que a minha cabeça não fosse capaz de reconhecer a realidade empírica, gostava de ver a política com o fanatismo cómico que me ataca durante os jogos da selecção e do Benfica.
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