Obama Vs Romney Let The Fight Begin (Artigo de Nuno Gouveia)
Com a nomeação garantida para Mitt Romney, a campanha para as eleições de Novembro começou oficialmente. Barack Obama parte com alguma vantagem, mas o destino desta eleição está longe de estar definido. Se atendermos à história recente, nos últimos 40 anos tivemos de tudo. Richard Nixon foi reeleito com facilidade, tal como Ronald Reagan e Bill Clinton. George W. Bush acabou por ser reeleito à tangente, enquanto Gerald Ford, Jimmy Carter e George H. Bush foram copiosamente derrotados. Em termos de semelhanças, talvez coloque o mandato de Obama entre o de dois presidentes: Jimmy Carter e George W. Bush, mandatos com inúmeras dificuldades, sejam elas económicas, políticas ou militares. Portanto, e olhando para a história, dificilmente retiramos algumas ilações sobre o que vai acontecer.
A favor de Obama jogam as vantagens da presidência, entre muitas, uma importante: os eleitores americanos apenas derrotam um Presidente se sentirem que foi um mandato falhado. Apesar dos obstáculos, ainda é prematuro concluir isso a partir das sondagens. Obama foi reeleito envolto numa aura de magnetismo que, embora tendo sido quebrada, não desapareceu por completo. O eleitorado que o elegeu (os jovens, as minorias, as mulheres) permanece aparentemente a seu lado, e, apesar de algum descontentamento, isso fortalece a sua candidatura. É verdade que o mandato de Obama está a ser marcado por grandes dificuldades económicas e o desemprego permanece elevado. Mas os últimos meses forneceram boas notícias para a campanha Obama, com uma ligeira tendência de recuperação económica. Curiosamente algo que foi contrariado neste mês de Abril, com números negativos no crescimento do emprego. Esta questão será decisiva para a reeleição ou não de Obama. O aparato mediático, tal como em 2008, continuará a ser uma arma poderosa de Obama, com os gigantes de comunicação social (à excepção do grupo de Rupert Murdoch) a favorecem ostensivamente o presidente. Em termos financeiros, a campanha de Obama, tal como em 2008, terá uma grande vantagem sobre Mitt Romney, com o que isso representa na campanha nos swing-states. Nestas primárias observámos como essa superioridade financeira foi importante para Romney. Por outro lado, o seu adversário republicano é uma figura relativamente cinzenta e que não inspira grande emoção no seu próprio eleitorado. Além disso, estas primárias, pela agressividade verbal que envolveram, poderão ter provocado rupturas no eleitorado independente que está aberto a mudar de Presidente, nomeadamente em temas controversos como a emigração ilegal. Romney não poderá ganhar sem um substancial apoio dos hispânicos, o que neste momento parece difícil de alcançar. Não é um atraso irremediável, mas é relevante.
Mas a minha convicção é que Obama não terá a vida fácil para ser reeleito. E se Mitt Romney conseguir apresentar-se ao eleitorado como restaurador da grandeza americana, pode ser eleito Presidente. A América atravessa uma grave crise de sustentabilidade económica e financeira, tal como a Europa. A médio prazo o país estará falido se nada for feito. No entanto, Obama tem tentado adiar esta discussão para 2013, enquanto os republicanos, através de Paul Ryan, apresentaram um plano que enfrenta este problema estrutural. A grande batalha destas eleições estará centrada nesta questão do combate ao défice e à divida. Obama está convencido que atacando o plano republicano obterá dividendos eleitorais. Por enquanto, as sondagens parecem indicar que tem razão, pois os republicanos pretendem alterar de forma significativa o funcionamento dos planos estatais da saúde e segurança social. Mas se contra um plano Obama apresenta zero, isso poderá transformar-se num verdadeiro calcanhar de Aquiles para a sua candidatura. Ao contrário do que sucedeu na Europa nos últimos anos, o eleitorado independente está muito preocupado com os défices galopantes e a falência iminente do país. O crescimento do Estado Federal nesta última década provocou uma crise de confiança por parte dos cidadãos em relação ao estado. A reforma da saúde de Obama, que foi a grande vitória legislativa do seu mandato, pode ser destruída este Verão pelo Supremo Tribunal. Além disso, esta lei permanece extremamente impopular no eleitorado americano. Romney, um tecnocrata moderado que não suscita grande entusiasmo na base conservadora, pode captar o voto dos independentes em estados cruciais como a Pensilvânia, Ohio, Virgínia ou Florida e recuperar a Presidência para o GOP. Para o fazer, precisa primeiro de fazer as pazes com o eleitorado conservador - colocar noticket um conservador que não afaste o eleitorado independente (Marco Rubio ou Paul Ryan por exemplo), e depois apresentar-se como o reformista económico que a América precisa.
Quem convencer o eleitorado que é o mais capaz para resolver os problemas estruturais será eleito. Neste momento, e apesar das sondagens atribuírem ligeiro favoritismo a Obama, apostaria num 50-50 de hipóteses para cada lado
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