José Mendonça da Cruz no Corta-fitas
A acomodação à cepa torta, o gosto pela cepa torta, nem no domínio do futebol descansa. Quando um jogador foi grande, há comentadores que dizem que foi «humilde».
Não há ponta, nem gota, nem vestígio, nem rasto, nem sinal de humildade no golo de Cristiano Ronaldo contra a Juventus, aos 64 minutos do jogo da Champions`. Há, sim, outra coisa: excelência. Tanta que a multidão da Juventus, numa espontaneidade de fair-play, apaude o adversário.
Bom remate de dia para os portugueses? Talvez.
Ou então, talvez isto: vimos Centeno, do governo da maior carga fiscal de sempre, dizer que os impostos baixaram, perante a reverência de supostos jornalistas; vimos a reportagem babada sobre as alarvices dos finalistas (que finalistas? finalistas de quê?) em terras de Espanha; vimos as lágrimas e o rasgar de vestes que por aí vai porque artistas sem público querem mais dinheiro para continuar a dispensar o mesmo público (do mesmo passo que reivindicam a missão de educá-lo); lemos sobre a quantidade de dinheiro extorquido aos contribuintes para pagar as tropelias na Caixa de gente que fica resguardada pelo silêncio; vemos, o elogio do assistencialismo, do remendo, da acomodação, da cepa torta, em resumo.
Depois, vemos Cristiano Ronaldo, vemos o treino, o esforço, a dedicação, o orgulho, o mérito, a ambição, o trabalho, a rentabilidade, o lucro pessoal e da sua empresa... E pensamos: não, não deve ser português.
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