Post de Henrique Raposo
As últimas semanas têm sido dramáticas, porque têm revelado a intrínseca
fraqueza de António Costa. O nosso alegado primeiro-ministro está para a
majestade como Bruno de Carvalho está para a delicadeza; é fraco e transmite
insegurança, é um poltão que só sabe governar de cadeirinha, ou seja, é bom a
gerir ambientes controlados com perguntas amansadas, é bom nos ambientes
programados das websummit e no supermercado ministerial onde se colocam Kamovs
e Siresps no carrinho, mas falha com estrondo sempre que é apertado pela
realidade. Não nasceu (nem foi eleito) para isto. Costa falhou na campanha
eleitoral de 2015. Está a falhar neste momento. Perante a crise mais grave do
Estado em muitas décadas, Costa meteu férias, como se fosse um cidadão normal,
como se fosse o "António" e não o primeiro-ministro de um alegado
governo que está a minar a relação de confiança entre o Estado português e os
seus cidadãos e entre o Estado português e os seus parceiros da UE e NATO.
A gestão da crise de Pedrógão continua a decorrer de acordo com as melhores
práticas do terceiro-mundo; Costa permitiu o colapso público do MAI por
evidente falta de autoridade da ministra. Costa acha que precisa da ministra
como barreira protectora. Ao não demitir a ministra, ao colocar a sua
popularidade pessoal à frente dos interesses do país numa área tão sensível,
Costa permitiu a fragmentação pública do MAI, que já nem sequer é um
ministério, é um saco de gatos que transmite insegurança aos cidadãos. O
ministério da segurança só transmite insegurança.
Após novo incidente gravíssimo (Tancos), Costa foi incapaz de suspender as
férias para assumir o seu papel de chefe de governo num momento em que Portugal
é pressionado (e bem) pelos parceiros da NATO. Repare-se na imagem patética:
num momento em que Portugal está debaixo dos holofotes internacionais pelas
piores razões, o nosso primeiro-ministro retira-se para banhos. Parece que o
cavalheiro só dá a cara nas boas notícias. Como é possível respeitar um
político assim? Como é possível respeitar um líder que se ausenta no exacto
momento em que os pilares soberanos do país abanam como varas verdes? Não
estamos perante uma "situação" em duas ou três escolas, não estamos
perante um ou outro fogo florestal, estamos perante uma quebra grave ao nível
da própria essência soberana do estado. Os oficiais do exército estão em pé de
guerra, mas há um total vazio de poder: o ministro da defesa tornou-se risível
e o primeiro-ministro está de calções em Palma de Maiorca. Costa não nasceu
(nem foi eleito) para isto.
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