Artigo de Ferreira Fernandes
Uma empresa chinesa entrou na Bolsa de Nova Iorque e teve a maior IPO, oferta pública inicial (seja lá isso o que for), de sempre: 17 mil milhões de euros (seja lá isso o que for). Gosto da história quando leio o nome da empresa: Alibaba. Aportuguesemos, Ali Babá sugere logo 40 ladrões e é extraordinário que uma empresa que tem quatro quintos do comércio online na China e se ramificou nos pagamentos eletrónicos e investimentos financeiros tenha um nome que nos lembre ladrões. Mas é verdade que antigamente uma empresa que movesse cifrões tinha de ter um nome que inspirasse confiança - e viu-se como acabou o Banco Espírito Santo. Por isso compreendo a tática da Alibaba. Embora, se calhar, o melhor seria queimar etapas e chamar-se logo Forty Thieves, 40 Ladrões. O facto é que a Alibaba entrou em Wall Street e, num "Abre-te Sésamo!" e "Fecha-te Sésamo!" (meu Deus, como o Financial Times de ontem me atirou para a minha infância!), sacou os tais 17 mil milhões. Se estou bem lembrado, o meu antigo Ali Babá era mais prudente, entrava na caverna, via aquele tesouro todo a brilhar e só tirava um bocadinho. E assim ia voltando, sem os ladrões da gruta se darem conta. Jack Ma, o patrão da Alibaba, agiu mais como Cassim, o irmão do Ali Babá, que foi tão ganancioso que se esqueceu das palavras mágicas, ficou preso em Wall Street, perdão, na caverna, e foi morto. Temo que a minha infância nunca me deixe ser um frio analista financeiro.
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