Os Monty Python vão voltar, 30 anos depois do último filme, O Sentido da
Vida. Um do grupo, Terry Gilliam, explicou a razão: os cinco humoristas estão
endividados. Sendo os Monty Python o que são, uma bênção, é caso para se dizer,
bendita dívida. Aliás, as dívidas são sempre uma oportunidade. Até já ouvi um
tipo dizer que para os bons operários dos Estaleiros de Viana lhes saiu a
lotaria: ganham agora uma indemnização e depois vão ser readmitidos pela
Martifer... Foi o próprio Gilliam que tomou a iniciativa de confessar o azar da
dívida - e contou-o com ironia, não me pareceu haver amargura. Já os operários
dos estaleiros, mesmo aqueles a quem saiu a taluda, continuam a protestar. Ele
há gente a quem se anuncia um cancro e fica triste, em vez de se regozijar com
as semanas que vão passar de papo para o ar. Para quem possa sentir nesta
crónica algum sarcasmo sobre a venda dos estaleiros, aviso: também acho que os
trabalhadores não eram o único elemento da equação, o Estado não podia continuar
a pagar as dívidas de uma empresa inviável. O azarito foi a altura: na mesma
semana vendeu-se os CTT, uma empresa viável que dava dinheiro ao Estado. Por
isso, o humor é melhor que a política a tratar destas coisas. Se é para dizer
que o mexilhão é que se trama sempre, os Monty Python puseram John Cleese, com
ar de banqueiro da City, a dizer no sketch "Como Tratar as Classes Baixas": "A
tiro! Eu sei que não é popular dizê-lo..."
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