Ora então é assim. Em Fevereiro de 2013, Pedro Passos Coelho anunciou que o
guião para a reforma do Estado ficaria a cargo de Paulo Portas e seria
"apresentado muito proximamente". Em Maio de 2013, o dr. Portas prometeu que o
guião para a reforma do Estado seria apresentado no final de Junho. Em Setembro
de 2013, o dr. Passos Coelho assegurou que o guião para a reforma do Estado
seria apresentado no final desse mês. Na semana passada, o dr. Passos Coelho
garantiu que o guião para a reforma do Estado seria apresentado esta semana.
Esta semana, o ministro Marques Guedes jurou pelas alminhas que o guião para a
reforma do Estado será apresentado, ou pelo menos aprovado, na semana que vem.
É de suster a respiração. É, também, um duro golpe nos cépticos que
desconfiavam da capacidade do Governo em - lá está - reformar o Estado. Não só a
reforma está a caminho, como o tempo aplicado na sua elaboração mostra que se
trata de um reformismo a sério. Governantes menores teriam rabiscado meia dúzia
de tópicos à mesa do restaurante e, no dia seguinte, começado a mexer à pressa
nas excrescências estruturais da administração pública e, além de poupar uns
trocos, feito asneira. O dr. Portas não. O dr. Portas estuda, reflecte, pondera,
analisa, matuta e disseca antes de lançar cá para fora um documento que, não
duvido, assinalará o início da nossa recuperação, económica e moral. Entretanto,
não se poupou nada e continuamos falidos, mas o que podem as agruras de hoje
contra o progresso de amanhã? "Amanhã" na acepção mítica, bem entendido,
provavelmente o momento em que a apresentação do guião iluminará uma nação
ansiosa. Já imaginaram se não houvesse guião e o Governo actuasse de
improviso?
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