A localização da prova está definida: "entre Alcântara e Algés", segundo a Red Bull. Este é o espaço onde os aviões da prova irão fazer acrobacias e, por coincidência, é também um ponto fulcral utilizado por aviões civis que se dirigem ao aeroporto da Portela e por embarcações marítimas que transitam no Tejo para aceder ao Porto de Lisboa. Especialistas contactos pelo i garantem que, ainda que a prova seja encostada a Algés, os aviões entram no corredor aéreo de aproximação ao aeroporto da capital e a logística da prova pode interromper o acesso ao canal de entrada no Porto de Lisboa.No limite, a utilização deste espaço deverá obedecer a regras de segurança para "evitar acidentes", explica o comandante Cruz dos Santos. A Red Bull admite estar a trabalhar na questão da segurança "com as autoridades que controlam os tráfegos aéreos e marítimos". Fonte oficial da Navegação Aérea de Portugal (NAV) garante ao i que, até à data, não houve qualquer contacto por parte da organização da prova.O cruzamento entre dois aviões é uma hipótese que terá de ser estudada no trajecto da prova. Um especialista em aeronáutica diz ao i que o problema existe quando os pequenos aviões da Red Bull dão a volta no percurso cronometrado - looping - e sobem a uma maior altitude. Nesse momento, cruzam o espaço aéreo de aproximação ao aeroporto. Explica o especialista que, "nas manobras de looping, os aviões vão furar o cone aéreo dos aviões civis" e o corredor aéreo, que começa na Caparica e passa por cima da Ponte 25 de Abril, é o preferencial em 90% das vezes para as aterragens em Lisboa. Isto quando está bom tempo, condição também necessária à realização da Red Bull Air Race. Este corredor aéreo é utilizado na aproximação à pista 03 do aeroporto.Segundo o comandante Cruz dos Santos não restam muitas opções: "Se a localização da prova for entre Belém e a Ponte 25 de Abril, como foi noticiado, ou não há aproximação de aviões por aquela pista, ou se desloca a prova, ou modifica-se o perfil da competição para que o trajecto dos aviões não irrompa o corredor aéreo." Qualquer que seja a solução, a vida aérea da capital será condicionada. Cruz dos Santos explica: "Não é exequível não haver voos por aquela pista durante uma semana [duração da prova]. É a pista principal. Muito dificilmente esse eixo será cancelado." O especialista contactado pelo i refere que "pode haver instruções para os pilotos não subirem a mais de dada altitude, mas isso influencia a própria prova - porque o trajecto que está em causa é durante o período cronometrado."No Porto já se tinha colocado um problema semelhante por causa do corredor aéreo de aproximação ao aeroporto Sá Carneiro. Depois da polémica da mudança do Porto para Lisboa e do financiamento da prova (ver caixa ao lado), a Red Bull Air Race depara-se com os condicionalismos da navegação aérea e marítima questão já levantada pelo deputado do CDS, Ribeiro e Castro. A Capitania do Porto de Lisboa e a Administração do Porto de Lisboa recusaram comentar a matéria. (Noticia de hoje, publicada no i)
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