segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Etiqueta Dela Tramou Passos

Artigo de Ferreira Fernandes

Há anos, um político de capachinho quis ser candidato à presidência. Eu avisei: era perigoso. Numa visita de Estado, o País ficaria em transe quando o nosso Presidente de capachinho assomasse à escada do avião. Cai? Não cai? Voa?... Hoje, volto às interdições: uma mulher-jornalista não deve poder entrevistar sem decidir que na entrevista é mais jornalista do que mulher. Vejam Judite Sousa, na semana passada. Estavam ambos sentados, ela e José Alberto de Carvalho, à espera do convidado (é, os jornalistas, entrevistando, são sempre eles quem convida), quando entrou Passos Coelho. José Alberto levantou-se para cumprimentar, mas Judite continuou sentada (há foto). A etiqueta aplaudiria, as senhoras nunca se levantam. Mas, lá está, Judite, ali, não devia ser a senhora que recebia, mas a jornalista. Eu vi logo nos olhos de Passos Coelho que ele ficou baralhado. Assim, quando Judite perguntou: "Poderemos ter de pagar pela escola pública...?", o primeiro-ministro ainda estava bloqueado. Era a mulher ou a jornalista que perguntava? Daí a resposta errada: sim, vai-se taxar o secundário... Revi o vídeo, a resposta toda - entre "Nós temos..." e "assegurada pelo Estado" - é clara (e taxativa, sim!). E lá tivemos uma semana de quiproquós e desmentidos (ontem, mais um, vindo do Mindelo). Citando Brecht e Paula Bobone, eu diria que a culpa não foi da asneira fluvial do primeiro-ministro, mas das margens de boas maneiras que o comprimiram.

Adenda pessoal: Aos 52 anos, Judite de Sousa "envergonha" muitas "teenagers" com a mania que "são boas"...

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