quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A Voz Do Dono

Editorial de hoje do DN

Gostemos ou não, aquilo que o FMI pensa do que se passa em Portugal e de como chegámos a esta situação é-nos apresentado pelo chefe de missão da organização na troika, Abebe Selassie. Quanto ao passado, numa palavra, falhámos todos: o que caracteriza o caso específico português é o endividamento muito rápido, a partir de 1999, de empresas e famílias, com a complacência de bancos e credores internacionais. As entidades de supervisão não fizeram soar o alarme a tempo e, enquanto isso se dava, a despesa pública expandia-se irresponsavelmente. No plano financeiro, ninguém sai bem desta história.
Paralelamente, no plano económico, afirma Selassie, as empresas não souberam acompanhar as mudanças na economia mundial: emergência da China, alargamento da UE a leste, criação do euro. Resultado: neste milénio, Portugal vem perdendo competitividade, isto é, com uma carga financeira crescente às costas, o músculo económico, que a devia suportar, fraquejou pouco a pouco.
A mudança em todas estas frentes está agora a dar-se a ritmo fulminante. O porta-voz do FMI sustenta que os sacrifícios que as famílias estão a fazer valem a pena e que, daqui a uns seis meses, a economia vira no sentido de um novo crescimento, em bases mais fortes, saudáveis e duradouras. Mas isso não depende em larga medida de nós: se a UE não voltar a arrancar, por mais que haja progressos na frente exportadora, a viragem da economia nacional permanece longínqua

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