terça-feira, 13 de janeiro de 2009

As Misseis do Hamas São de Chocolate

Artigo de Inês Pedrosa.
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O Hamas tomou a iniciativa de bombardear Israel, a 19 de Dezembro, ninguém disse nada. Ou melhor: as vozes do costume começaram a vituperar Israel como origem de todos os males. A cultura judaica faz mal, mediaticamente falando, em esconder os seus feridos e mortos. O dever da coragem e a recusa da vitimização tem sido a chave da sobrevivência histórica do povo judeu, que vive, desde há muitos séculos consecutivos, em perseguição e diáspora. Mas no mundo de hoje, feito da injustiça do instantâneo global, a exibição do sofrimento é rainha absoluta.Toda a gente sabe que, para o fundamentalismo islâmico, a vida humana é desprezível - Em particular a das mulheres e das crianças. Toda a gente o sabe porque os fundamentalistas não o escondem: Consideram, aliás, que o martirio é a grande redenção e promoção da espécie humana. Assim sendo, as sedes do hamas são dificeis de detectar e estão, estarão sempre , cheias de inocentes civis prontos (voluntária e involuntariamente, como é o caso das crianças) a marchar em glória para um céu, de facto menos infernal do que a vida terrena tal como eles a permitem. E não têm qualquer pudor em exibir corpos esfacelados, crianças aterrorizadas ou mortas - Usam-nas como cartazes. Funciona - Como não havia de funcionar ?Como não nos comoveremos com essa inominável dor ?. Dos estragos causados em Israel pelos bombistas suicidas ou, agora de novo, pelos mísseis do Hamas não temos imagens. E a comunidade internacional comporta-se como se os mísseis do Hamas fossem, de facto, de chocolate - inocentes inócuos. Israel esconde a morte, para que a população não desmoralize. Israel é, desde a sua nascença, em 1948, um país debaixo de ataque - e essa é a grande questão. Na resposta à guerra que, desde o primeiro dia lhe foi movida pelo conjunto dos países árabes, Israel cometeu erros calamitosos. Mas hoje, agora em 2009, não é por causa de Israel que a paz se afigura impossível. O Hamas, que controla a faixa de Gaza, não reconhece o direito à existência de Israel. E por isso ataca. Ataca porque sabe que Israel terá de responder a esses ataques - e que, ao responder, será automaticamente criticado por todo o mundo, porque o poderio militar e económico de Israel é infinitamente superior ao do governo (e governo eleito, note-se) do Hamas. Um monstro rico atacando um menino pobre, pronto. Que seja sempre o menino pobre a atirar a matar, não interessa nada - a violência justifica-se com a pobreza. Mas esta justificação também já está, há demasiado tempo, sem pés para andar: porque será que tantos povos que vivem na miséria (designadamente em África) não recorrem à violência, e porque serão alguns países tão ricos (veja-se a Arábia Saudita, por exemplo) tão violentos para com metade da sua própria população ( a que tem o azar de nascer do sexo errado, ou de gostar do sexo errado)?. O escritor Israelita Amos Oz escreveu uma crónica intitulada "Israel deve defender os seus cidadãos" cuja primeira linha dizia isto " o bombardeamento sistemático dos cidadãos das povoações israelitas é um crime de guerra e um crime contra a humanidade". Amos Oz é insuspeito de sionismo ou de ser um "falcão" belicista. Mas também não é, como ele próprio já escreveu, "um pacifista no sentido sentimental da palavra", e explica porquê: "No meu vocabulário, a guerra é terrível, mas o mal supremo não é a guerra, e sim a agressão". Se em 1939 o mundo todo, excepto a Alemanha defendesse que a guerra era o fenómeno mais terrível do mundo, Hitler seria, então o senhor do universo, agora". O problema é precisamente este: o mundo de hoje divide-se entre pacifistas sentimentais e senhores da guerra. As democracias são canja de gente pacífica que, fundamentalmente, não toma partido - brandam pela "paz" e deixam passar os massacres, debaixo do seu nariz. Os exércitos de "manutenção da paz" da ONU são, na melhor das hipoteses, uma espécie de guarda de honra das organizações de socorro humanitário. Israel está a tentar desmembrar o Hamas - a incursão terrestre serve para isso, para minimizar as vítimas civis. Mas perante um hamas que proclama "Nós acreditamos na morte", haverá sempre muitas vitimas civis. Se o governo de Israel não contra-atacasse, em defesa dos seus cidadãos, a extrema-direita Israelita cresceria, e muito, nas próximas eleições - o que seria óptimo para a estratégia do Hamas, que é a de criar ódio contra a própria existência de Israel. Por outro lado, contra-atacando, como está a fazer, faz crescer o anti-semitismo internacional - sim é sempre disso que se trata. Tzipi Livni, a MNE Israelita, repete incessantemente que estão apenas a agir em legitima defesa, apenas e só até que acabem os ataques do Hamas. Mas a dor de Israel nunca se vê. "Israel é um país; o Hamas é um gangue", escreve Amos Oz. Antes de percebermos isto não percebemos nem resolvemos nada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Afinal li e fiz bem,todos deviam ler este artigo,talvez recebessem melhor as palavras do senhor cardeal.

beijinhos

ML