sábado, 28 de agosto de 2010

A "Grande Vitória Diplomática" Da Vinda De Obama A Portugal

Artigo de José Pacheco Pereira
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Uma das manipulações mais provincianas que se pode fazer da imprensa, e que a imprensa muitas vezes não precisa sequer de iniciativa alheia para para se automanipular com espírito de serviço, é a de apresentar como mérito próprio ou aquilo que é inevitável, e aconteceria fossem quais fossem as circunstâncias, ou aquilo em que não tivemos qualquer papel particular, mas a distância dos decisores e ignorância dos processos ajudam a apresentar como uma “vitória”. É o caso desta vinda de Obama a Portugal para a Cimeira da OTAN. Se “vitória” portuguesa houve foi em conseguir que uma Cimeira, mais importante do que as habituais, fosse em Portugal, não que Obama cá estivesse. Na verdade, é o objectivo da Cimeira de uma organização de que Portugal é membro, que vai discutir um documento fundamental sobre a sua estratégia, preparado por uma equipa dirigida por Madelaine Allbright, que faz Obama vir. E Obama vem porque existe a percepção que o documento que vai ser apresentado não só pode ajudar decisivamente a organização a sair de um limbo estratégico, como também terá reunido um consenso que permitirá resultados a que o Presidente dos EUA quer estar associado e caucionar.
Em vez de estarmos com estas “vitórias” provincianas, devíamos é perguntarmos como é que, a escassos meses da Cimeira, não existe nenhum debate nacional sobre esta matéria, a começar pela obrigação do governo de nos dizer alguma coisa sobre as suas opções a propósito de um documento que irá ser fundamental para a nossa defesa e para as nossas forças armadas. Era mais útil.

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