quinta-feira, 18 de junho de 2015

Greves, "João", Ou Uma História Ficcional

O João é licenciado e está muito feliz por ter emprego - Bem sabe que leva pouco mais de 600 euros para casa e embora o contrato diga que o emprego é das 9 às 18 com uma hora de almoço, todos os dias entra por volta das 8 e muitas vezes sai já depois das 20, e raramente gasta mais do que 30 minutos na sua hora de almoço, mas não se queixa, apesar de não receber um cêntimo extra pelas horas extraordinárias.
O João lida com dinheiro e sabe igualmente que cada falha lhe sai do bolso, ainda este mês teve que se chegar à frente com 60 euros (quase 10% do seu ordenado), bem tentou que o seu chefe o perdoasse, mas este disse-lhe para estar mais atento.
O carro do João embora impecavelmente estimado e sem nunca ter tido qualquer problema nas inspecções é de Dezembro 1999 o que não lhe permite circular no centro de Lisboa, algo que embora revolte o João ele cumpre, pois não tem dinheiro para multas, embora não entenda  porque motivo o carro da sua vizinha do lado, o qual é igualzinho ao seu, com a diferença de ter sido comprado em Janeiro de 2000 pode circular e o seu não.
O João considera-se feliz por viver perto do metro (10 minutos a pé) e pelo facto da empresa onde trabalha ficar quase à porta de uma saída do metro. Hoje o João descobriu que o Metro vai fazer a sua 8ª greve do ano (e a 47ª nos últimos 5 anos) e o João mesmo sendo uma pessoa pacífica está "passado", pois sabe bem que na empresa onde trabalha até pode fazer greve, o problema é que a 1ª greve seria a última.
Mais uma vez o João está privado do transporte pelo qual paga todos os meses e mais uma vez não arrisca levar o seu carro para o centro da cidade (mesmo estando disposto a pagar parquímetros à empresa que João mais odeia: a EMEL).
Uma coisa o João sabe: Se chegar atrasado ao emprego será sancionado por isso. João é um homem bem informado e politicamente não orientado, o qual entende que existem excelentes empresas e péssimas empresas quer no público quer no privado, o que João não entende é o motivo pelo qual uns estão cheios de direitos e os outros estão cheios de deveres.

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